Nota 1.000 na redação, enfermeira de MG vai cursar medicina no Ceará
Em 2013, ela saiu de emprego em hospital para se dedicar só aos estudos.
Para Sarah Rocha, 'coragem e vontade andam juntas'.
Formada em enfermagem, mineira se mudará para o Ceará para cursar medicina (Foto: Sarah Alves de Andrade Rocha/Arquivo Pessoal)
Coragem é uma palavra que tem feito parte do vocabulário da mineira
Sarah Alves de Andrade Rocha. Formada em enfermagem, ela abandonou o
emprego em um hospital de Belo Horizonte para se dedicar,
exclusivamente, ao sonho de conquistar uma vaga em um curso de medicina.
Foram dois anos de uma rotina intensa de estudos e, agora, a enfermeira
que conseguiu nota 1.000 na redação do Exame Nacional do Ensimo Médio
(Enem), mais uma vez, precisará de coragem. Em breve, ela se mudará da
capital mineira para voltar a ser caloura na Universidade Federal do
Ceará (
UFC), a mais concorrida no Sistema de Seleção Unificado (
Sisu).
Acho que coragem e vontade andam juntas. Dá vontade de desistir várias vezes, mas ir em busca do sonhos é a força maior"
Sara Rocha, aprovada em medicina
“Acho que coragem e vontade andam juntas. Dá vontade de desistir várias
vezes, mas ir em busca do sonhos é a força maior”, disse pouco depois
de saber da aprovação. A UFC era a segunda opção da mineira, que também
disputou uma vaga na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Segundo ela, a decisão pelas instituições foi uma escolha bem pensada.
“Eu prezei por tradição e qualidade de ensino. Se é para mudar, que seja
para melhor”, brinca. De acordo com ela, a nota de corte também pesou
na decisão.
Para encarar a saudade, Sarah, que prefere não revelar a idade,
pretende contar com ajuda da internet para encurtar a distância de cerca
de 2 mil quilômetros entre ela e família. Mas esta não é a primeira vez
que passará uma temporada longe da cidade natal por causa dos estudos.
Durante o curso de enfermagem, ela se mudou para a cidade histórica
mineira de Diamantina, onde fica Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Sarah afirma ter “muito orgulho” de ser enfermeira e conta que quer se
tornar médica para poder atuar em outras funções na área da saúde.
Depois de terminar a primeira graduação, no fim de 2010, ela voltou para
Belo Horizonte,
e, por cerca de dois anos, dividiu as 24 horas do dia entre plantão de
12 horas em um hospital, pós-graduação e cursinho – e ainda encontrava
tempo para frequentar a academia.
Bastante treino garantiu à enfermeira nota 1.000 na redação do Enem (Foto: Sarah Alves de Andrade Rocha/Arquivo Pessoal)
Mas, com passar do tempo, ela percebeu que o sonho exigiria mais
dedicação. “Em 2013, decidi abandonar tudo. Em março de 2013, saí do meu
emprego. Medicina tem que ser dedicação exclusiva”, relembra.
Ela conta que, no ano passado, já havia sido aprovada na Universidade
Federal do Oeste da Bahia (Ufob), mas perdeu o prazo para inscrição.
“Foi uma sensação péssima. Primeiro desespero, despontamento e muita
tristeza. O bacana foi que no meu cursinho tem uma equipe de psicólogos
que me ajudou. E foi disso que eu tirei forças para estudar mais”, diz.
Redação nota 1.000
Esse empenho em tempo integral gerou bons resultados à mineira. Um
deles veio há cerca de 15 dias, quando foram divulgadas as notas do Enem
e Sarah descobriu que fazia parte do grupo de 250 pessoas que conseguiu
nota máxima na redação.
Para chegar aos 1.000 pontos, ela diz que treinou bastante. “Fiz o Enem
quatro vezes, e a minha nota da redação só foi subindo”, diz. Sarah
fazia, em média, três redações por semana e recorria a três corretores
diferentes para avaliar os textos. Além disso, ela afirma que sempre
gostou de ler e escrever.
No Enem de 2013, a mineira já havia conseguido uma nota alta na
redação, mas o resultado de 980 pontos foi uma responsabilidade a mais
para ela. “Foi uma coisa que me gerou angustia o ano inteiro. Esse 980
foi um peso nas minhas costas. Era na redação que eu ia garantir minha
vaga”, conta. Com isso, a nota 1.000 foi um alívio.
Diferentemente de grande parte dos aprovados no Sisu, Sarah já conta
com a vivência do dia a dia em uma universidade. De acordo com a
enfermeira, o aprendizado no curso de enfermagem e na pós-gradução,
ajudaram, sobretudo, em a tranquilidade para o novo desafio. Entretanto,
ela ressalta que teve que reaprender diversos conteúdos e superar
dificuldades que tinha desde o ensino médio. “O que aprendi na faculdade
não é geografia, não é matemática. Adquiri tranquilidade. Mas é difícil
competir com o pessoal mais jovem, quem quer medicina estuda o dia
todo”, avalia.
Para ela, ter estudado em uma instituição federal foi uma experiência
transformadora. Na hora da escolha da segunda graduação, ela também
optou pelo ensino público, não só pelo alto valor das mensalidades nas
faculdades particulares, mas também pela qualidade e pelas
possibilidades. Na
UFVJM,
ela se dedicou a atividades de monitoria e extensão. No curso de
medicina, pretende se dedicar também a projetos de pesquisa e se
candidatar ao intercâmbio pelo Ciências sem Fronteiras.
Fonte: G1.com