Reitor da USP sugere eleições diretas para diretorias e a Reitoria
João Grandino Rodas anunciou proposta que pode ser votada em outubro.
Reitoria criou site para debater publicamente a democracia na universidade.
João Grandino Rodas, reitor da USP (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
Para iniciar a discussão pública sobre democracia na USP, a Reitoria criou um site para reunir documentos de reuniões internas dos departamentos e conselhos da universidade: http://democracia.usp.br/. Também é possível enviar propostas para o e-mail democracia@usp.br.
De acordo com o informe, as unidades e órgãos da USP terão até o dia 20 de setembro para encaminhar suas posições e comentários a respeito da proposta à Secretaria Geral da Universidade receberá. A sessão do Conselho Universitário, órgão máximo de decisão colegiada da universidade, que debaterá o tema está marcada para 1º de outubro.
Eleições no segundo semestre
A gestão do professor Rodas como reitor da USP termina em 24 de janeiro de 2014 e, portanto, o segundo semestre deste ano terá novas eleições para o cargo. Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa afirmou que, na reunião de outubro, existe a possibilidade de o estatuto da universidade ser alterado com validade para a votação deste ano. Não existe um prazo mínimo antes do fim da gestão atual para que o próximo nome seja definido, segundo a assessoria.
Rodas justificou o anúncio da proposta em julho afirmando que, antes, sua prioridade era cumprir com suas promessas de campanha, que incluíram a ampliação dos programas de bônus social e racial para estudantes da rede pública no vestibular da Fuvest e a criação de um curso de engenharia no campos da USP na Zona Leste de São Paulo.
"Após todos os demais compromissos assumidos na campanha terem sido cumpridos, inclusive os referentes à fixação de metas de inclusão social e a criação de curso de Engenharia na USP Leste - ambos aprovados por maioria significativa, na última sessão do Conselho Universitário, realizada no dia 2 de julho - chegou a hora de dar o passo decisivo para ampliar a democracia na universidade, se esse for do interesse da comunidade", disse.
O objetivo da proposta, segundo afirmou o reitor no comunicado, é assegurar o envolvimento do maior número possível de uspianos. "Nada melhor que propiciar a todos eles a participação efetiva na escolha de seus dirigentes: dos chefes de departamento, passando pelos diretores, chegando até ao reitor", escreveu Rodas.
Reação das categorias
O Diretório Central de Estudantes (DCE) Livre da USP publicou, na tarde desta quarta-feira (10), nota em sua página oficial no Facebook comentando o anúncio da Reitoria (veja abaixo), no qual diz que, se a democracia for adotada nas eleições para reitor, ela será o resultado das reivindicações das categorias da instituição. Para o órgão representativo dos estudantes, que considera o formato eleitoral aplicado hoje em dia "quase feudal", a notícia foi surpreendente.
"Se Rodas quer democratizar, muito bem. A proposta história dos professores, funcionários e de nós, estudantes, é clara e simples: eleições diretas já. Com participação de todas/os e peso paritário. Como deve acontecer em qualquer espaço democrático", afirmou a entidade estudantil.
O DCE disse que vai aguardar mais informações sobre o debate iniciado pelo reitor e afirmou que não tem "nenhuma confiança em Rodas".
A assessoria de imprensa da Associação de Docentes da USP (Adusp) afirmou que a entidade ainda deve se reunir para estudar o informe antes de tomar uma posição. Magno Carvalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), afirmou que o anúncio foi "oportunista", e uma estratégia do reitor de aparentar ser o propositor do debate sobre democratização na universidade, que pode enganar quem não tem acompanhado o processo.
"De todos os reitores que tivemos, pelos menos nos 36 anos em que estou na universidade, esse reitor é o mais autoritário, mais antidemocrático", afirmou Carvalho.
"Não foi ele que iniciou essa discussão, ele tentou brecar essa discussão ao máximo, até que ela tomou corpo de tal forma que ele se viu obrigado a fazer isso. Ele passou esses anos todos se recusando a fazer a discussão de mudança do estatuto. Aí quando chega no último ano ele vem fazer esse discurso?"
Como o reitor é eleito hoje
Atualmente, o estatuto da USP determina que a eleição para reitor seja feita em três etapas: primeiro turno, segundo turno e nomeação. No primeiro turno, podem votar os membros da Assembleia Universitária, que é composta dos membros do Conselho Universitário, dos conselhos centrais (o de Graduação, o de Pós-Graduação, o de Pesquisa e o de Cultura e Extensão Universitária) e as congregações de cada unidade. As congreações são compostas de membros das três categorias (professores, funcionários e estudantes), mas as duas últimas categorias reúnem apenas uma minoria de votos. Essa assembleia define uma lista de oito nomes de professores.
No segundo turno, podem votar apenas os membros do Conselho Universitário e dos conselhos centrais. Partindo da lista definida no primeiro turno, eles elaboram uma lista com três nomes, que precisam ser aprovados por maioria de votos.
Essa é a chamada lista tríplice. Ela então é encaminhada ao governador de São Paulo, que tem o poder de nomear qualquer um dos três nomes, não necessariamente o mais votado no segundo turno.
DCE da USP publica nota sobre anúncio de eleições diretas para reitor (Foto: Facebook/DCE Livre da USP)
Fonte: G1.com
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