Paulistas são os que mais migram de estado pelo Sisu
Quase 5 mil alunos de SP abocanharam vagas fora do estado em 2013.
Demanda maior que oferta explica parte da 'debandada' dos alunos de SP.
Levantamento mostra que 13% dos aprovados no Sisu migraram de estado.
Os estudantes paulistas foram para universidades de 24 estados e do Distrito Federal. Só no Amapá e em Rondônia não foram feitas matrículas de alunos oriundos de São Paulo. O principal contigente de paulistas ficará em Minas Gerais: 1.501 estudantes matriculados nas universidades federais mineiras. Os outros principais destinos dos estudantes de São Paulo são Rio de Janeiro (724 alunos), Paraná (693), Mato Grosso do Sul (614), Rio Grande do Sul (597) e Mato Grosso (249).
Os 10 estados mais 'exportadores' do Sisu | |
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Estado de origem do estudante |
Alunos que foram para outro estado |
São Paulo | 4.893 |
Minas Gerais | 1.342 |
Pernambuco | 1.147 |
Bahia | 1.058 |
Maranhão | 795 |
Ceará | 778 |
Rio de Janeiro | 729 |
Goiás | 670 |
Espírito Santo | 586 |
Distrito Federal | 487 |
Paraná | 423 |
Fonte: MEC |
No entanto, as universidades estaduais paulistas não participam do Sisu. Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) têm vestibular próprio e oferecem, juntas, mais de 20 mil vagas, mais que o dobro da oferta das instituições federais paulistas e um sexto de todas as vagas oferecidas no Brasil durante o Sisu do primeiro semestre. Apenas a USP tem mais vagas anualmente que todas as quatro federais paulistas juntas.
Uma das explicações para a partida de tantos universitários paulistas é a relação entre a demanda e a oferta de vagas pelo sistema no estado do Sudeste. Isso porque São Paulo é o estado mais populoso do país, porém, no quesito oferta de vagas, ele fica apenas na quarta colocação, perdendo para Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
No Sisu do primeiro semestre de 2013, 13.724 paulistas conseguiram uma vaga no ensino superior, mas 8.885 deles ficaram no estado.
"As estaduais permanecem insistindo no seu modelo tradicional", diz Jaime Tadeu Oliva, professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da USP. Para ele, o grande número de paulistas matriculados pelo Sisu em outros estados acaba tendo um "efeito perverso", porque "passa a impressão de que São Paulo tem sua autonomia, seu próprio sistema, e que esses paulistas que vão buscar outras vagas são os fracos, que não conseguem passar".
Segundo ele, porém, o que ocorre é que "os alunos que conseguem entrar aqui nas estaduais paulistas não é que sejam ruins, melhores ou piores, eles são os que provavelmente tiveram acesso ao modelo de treinamento caríssimo, e acabam se especializando no modelo de prova, e terminam entrando". Para Oliva, esse resultado não está necessariamento ligado à eficiência do candidato.
Olívia
Barcellos, 26 anos, vai deixar a capital paulista para estudar artes
visuais na Universidade do Recôncavo da Bahia (Foto: Olívia
Barcellos/Arquivo pessoal)
Demanda e oferta
Segundo os dados do MEC, 35% dos calouros paulistas do Sisu se matricularam fora de São Paulo neste primeiro semestre. É o caso de Olívia Barcellos, de 26 anos, que foi aprovada no curso de artes visuais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ela vai estudar na cidade de Cachoeira, a 110 km de Salvador. “Estou escolhendo a Bahia para permanecer, para ficar vivendo por muitos anos. Essa é uma escolha que me faz muito feliz”, afirma.
Segundo Tufi Machado Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), proporcionalmente aos habitantes, São Paulo tem poucas federais. "É natural que Minas Gerais, por exemplo, tenha mais vagas oferecidas no Sisu, mas a ideia da democratização é exatamente essa, os paulistas têm mais chance de buscar vagas fora."
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou ao G1 que o governo, além de criar a UFABC, está investindo na expansão da Unifesp e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), que é a instituição paulista com o maior número de vagas no Sisu.
"A Unifesp antes era muito pequena. Originalmente, era mais uma faculdade de medicina, e houve uma fortíssima expansão. Mas, para o tamanho de São Paulo, ela ainda é relativamente pequena, estamos investindo tanto nos institutos federais quanto na Unifesp."
Pouco espaço para crescer
No caso da Unifesp, 84% das 2.909 vagas já estão no Sisu, e sete cursos ainda utilizam um processo seletivo próprio para matricular seus calouros: biomedicina, enfermagem, fonoaudiologia, medicina, ciências ambientais, ciências biológicas e engenharia química. O vestibular da universidade é misto e usa parte das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para calcular a nota final dos candidatos, que também passam por provas específicas da instituição.
Segundo a assessoria de imprensa da Unifesp, desde 2012 esses cursos analisam a possibilidade de migrar para o Sisu. Para isso, dados estatísticos sobre os calouros que ingressaram nas carreiras desde 2010 estão sendo avaliados para que os coordenadores decidam a viabilidade de trocar o processo seletivo.
Campus da Unifesp (Foto: Unifesp/Divulgação)
Até agora, porém, apenas três dos sete cursos encontraram razões
estatísticas para aderir ao Sisu. As vagas de medicina, por exemplo, não
devem estar disponíveis no Sisu 2014.Em nota, a Unifesp afirma que "os dados dos ingressantes dos vestibulares de 2010, 2011 e 2012 dos cursos de enfermagem, fonoaudiologia e ciências ambientais apresentam um panorama favorável em termos estatísticos para a migração para o Sisu". Os outros cursos, de acordo com a assessoria de imprensa, não apresentam o mesmo panorama. "A essa avaliação preliminar estão sendo agregados outros fatores para informar e auxiliar os docentes à tomada de decisão", diz a nota.
No primeiro semestre de 2013, os cursos de enfermagem, fonoaudiologia e ciências ambientais ofereceram 88, 36 e 50 vagas, respectivamente.
Minas Gerais é o segundo estado que mais "exportou" estudantes pelo Sisu. Foram 1.342 calouros mineiros matriculados "fora de casa". Outros dois estados enviaram mais de mil estudantes para outros estados por meio do sistema do MEC: Pernambuco, com 1.147 "forasteiros", e Bahia, com 1.058.
Além de São Paulo, outros seis estados tiveram mais de um terço de seus estudantes matriculados em outras UFs: Rondônia e o Distrito Federal são os campeões na "exportação" pelo Sisu, com 94% e 83% de seus estudantes mudando de endereço para fazer faculdade. Sergipe teve 63% de seus calouros matriculados em outros estados, enquanto no Espírito Santo e em Goiás esse percentual é de 43% e 41%, respectivamente.
Fonte: G1.com
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