21/03/2013 17h48
- Atualizado em
22/03/2013 17h26
Enem teve mais de 300 corretores de redação afastados, diz Inep
Avaliadores foram afastados por baixa qualidade, diz presidente do Inep.
Enem 2012 teve 5.692 corretores que avaliaram média de 1.700 textos.
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, afirmou que mais de 300
corretores contratados para avaliar as redações do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) em 2012 foram afastados do processo de correção das provas. Em entrevista ao G1,
Costa explicou que os corretores foram afastados porque seus
supervisores verificaram que eles não cumpriram os requisitos de
qualidade.
"Os corretores têm um supervisor que vê a qualidade, nós temos 23 itens de checagem de qualidade. Ele faz checagem, quando não havia jeito, se não estava cumprindo, os corretores que foram retirados", afirmou o presidente do órgão responsável pelo Enem.
Nesta semana, as redações de dois estudantes levantaram o debate sobre o critério de correção do Enem pela peculiaridade dos textos, que incluíram, no meio da dissertação sobre imigração no século 21, trechos do hino do Palmeiras e de uma receita de miojo. A nota final da prova deles foi 500 e 560, respectivamente --a pontuação vai de 0 a 1.000.
Na edição de 2012 do exame, o número de corretores aumentou em 40%,
principalmente porque as regras da correção foram alteradas e previam um
aumento no número de redações que passariam por um terceiro corretor.
Segundo Costa, foram contratados 5.692 corretores, 234 supervisores de avaliação, 468 auxiliares e dez subcoordenadores pedagógicos para o processo de avaliar as redações. O número de avaliadores afastados representa menos de 6% do total.
O presidente do Inep negou que os corretores tivessem uma carga de redações acima do ideal para que a correção fosse criteriosa e disse que o preço pago por redação corrigida aumentou de R$ 1,65 para R$ 2,35. "O valor é extremamente coerente com o que se paga em todas as universidades", afirmou.
Treinamento dos corretores
Para contratar os corretores, Costa afirmou que enviou ofícios a todas as universidades públicas do país pedindo que os reitores das instituições indicassem profissionais formados em letras com experiência no assunto. O diploma de graduação no curso é um requisito obrigatório para que o profissional atue na correção e, segundo o presidente do Inep, a titulação é confirmada nos casos em que o avaliador não é indicado em ofício pelos dirigentes das universidades.
"Muitos corretores são indicados por instituições. Se eu tenho um
reitor que me indica, eu tenho total confiança nessa indicação",
afirmou.
Ele disse ainda que todos os avaliadores contratados receberam treinamentos presenciais e à distância durante um período de 100 dias. Antes da data do Enem, eles passaram por dois testes: no primeiro, eles deveriam corrigir redações com temas aleatórios e, depois da realização do Enem, os corretores treinaram a correção de redações com o tema da prova: "Movimento imigratório para o Brasil no século 21".
1.700 redações por corretor
Já durante a correção oficial, que dura pouco mais de 30 dias, Costa explica que cada corretor acaba cumprindo seu próprio ritmo de trabalho.
Todos recebem, pela internet e a cada 24 horas, um "envelope eletrônico" de 50 redações separadas por um sistema que mistura redações de vários estados e de candidatos da rede pública e da rede privada.
Caso um corretor consiga avaliar as 50 redações com qualidade, ele pode receber um segundo lote dentro desse período de 24 horas. Isso acontece com mais frequência, de acordo com o presidente do Inep, nos primeiros dez dias do período de correção.
Edital pode ter novas regras para a redação
Costa afirmou ainda que as regras da correção da prova de redação podem mudar novamente neste ano, incluindo a possibilidade de anular as redações com trechos que caracterizem "deboche", a exigência de que uma nota 1.000 só seja dada caso o texto não tiver nenhum erro, por menor que seja, e até mudar o sistema de pontuação para que, em vez de uma nota de 0 a 1.000, o estudante seja avaliado por meio de conceitos como bom e ótimo.
Ele afirmou que vai encaminhar à comissão que elabora as regras do edital uma proposta para estudar a viabilidade técnica de dar nota zero a uma redação "quando ficar caracterizado que é claramente um deboche, ou desrespeito aos demais participantes" do exame.
"Deve ter nota zero? Eu creio que sim, tenho que separar o joio do trigo. Só que tenho que fazer isso com muita cautela, porque pode ser que o estudante de repente tenha um branco, saia do tema, mas faça com seriedade, e depois volte ao tema. Esse não pode ser prejudicado", disse Costa ao G1, ao afirmar que vai encaminhar a proposta aos membros da comissão responsável por elaborar o edital do Enem 2013, previsto para ser divulgado em maio.
Se aceita pela comissão, a mudança poderá render a nota zero a textos parecidos aos que, no ano passado, tiveram pontuação baixa, mas não foram anuladas. O estudante de medicina Fernando César Maioto Júnior, de 21 anos, tirou a nota 500 ao escrever um texto sobre imigração que incluiu trechos do hino do Palmeiras. No segundo caso, o autor da prova, o estudante de engenharia civil Carlos Guilherme Custódio Ferreira, de 19 anos, acabou avaliado com a nota 560 ao transcrever uma receita de miojo na redação.
O objetivo dos dois era provar que os corretores não liam as redações com atenção e, por isso, a nota dos candidatos era aleatória. Luiz Cláudio, porém, afirmou que a nota de ambos, com penalização similar, prova justamente que o sistema funciona.
"Nem todo mundo sabe o hino de todos os times do país. Não pode prejudicar o estudante sério, mas procurar identificar aquele que está fazendo até em desrespeito aos outros e ao sistema, como já existe hoje com os impropérios."
A comissão responsável pelo edital do Enem tem quatro membros do próprio Inep e quatro membros de outras instituições do país. Costa explicou que, no Brasil, existem várias correntes e opiniões sobre a avaliação pedagógica de uma redação, e que o órgão considera os diferentes argumentos. "Essa discussão técnica é boa. Algumas pessoas dizem que a nota mil tem que ser assim dessa forma, que pode ter alguns desvios, mesmo quando estudantes mostram que têm domínio da norma", diz ele, citando também outras correntes que defendem que uma redação com nota máxima não pode ter nenhum erro.
Além disso, ele afirmou que algumas universidades brasileiras defendem avaliar as redações com conceitos para encaixar os estudante em categorias de acordo com seu desempenho, como ruim, regular, bom ou ótimo. "O edital, como nós tivemos do ano passado para esse, é um sistema em evolução, temos muita humildade para ouvir as opiniões", disse.
"Os corretores têm um supervisor que vê a qualidade, nós temos 23 itens de checagem de qualidade. Ele faz checagem, quando não havia jeito, se não estava cumprindo, os corretores que foram retirados", afirmou o presidente do órgão responsável pelo Enem.
Nesta semana, as redações de dois estudantes levantaram o debate sobre o critério de correção do Enem pela peculiaridade dos textos, que incluíram, no meio da dissertação sobre imigração no século 21, trechos do hino do Palmeiras e de uma receita de miojo. A nota final da prova deles foi 500 e 560, respectivamente --a pontuação vai de 0 a 1.000.
Segundo Costa, foram contratados 5.692 corretores, 234 supervisores de avaliação, 468 auxiliares e dez subcoordenadores pedagógicos para o processo de avaliar as redações. O número de avaliadores afastados representa menos de 6% do total.
O presidente do Inep negou que os corretores tivessem uma carga de redações acima do ideal para que a correção fosse criteriosa e disse que o preço pago por redação corrigida aumentou de R$ 1,65 para R$ 2,35. "O valor é extremamente coerente com o que se paga em todas as universidades", afirmou.
Treinamento dos corretores
Para contratar os corretores, Costa afirmou que enviou ofícios a todas as universidades públicas do país pedindo que os reitores das instituições indicassem profissionais formados em letras com experiência no assunto. O diploma de graduação no curso é um requisito obrigatório para que o profissional atue na correção e, segundo o presidente do Inep, a titulação é confirmada nos casos em que o avaliador não é indicado em ofício pelos dirigentes das universidades.
Luiz Cláudio Costa, presidente do Inep (Foto: Reprodução)
Ele disse ainda que todos os avaliadores contratados receberam treinamentos presenciais e à distância durante um período de 100 dias. Antes da data do Enem, eles passaram por dois testes: no primeiro, eles deveriam corrigir redações com temas aleatórios e, depois da realização do Enem, os corretores treinaram a correção de redações com o tema da prova: "Movimento imigratório para o Brasil no século 21".
1.700 redações por corretor
Já durante a correção oficial, que dura pouco mais de 30 dias, Costa explica que cada corretor acaba cumprindo seu próprio ritmo de trabalho.
Todos recebem, pela internet e a cada 24 horas, um "envelope eletrônico" de 50 redações separadas por um sistema que mistura redações de vários estados e de candidatos da rede pública e da rede privada.
Caso um corretor consiga avaliar as 50 redações com qualidade, ele pode receber um segundo lote dentro desse período de 24 horas. Isso acontece com mais frequência, de acordo com o presidente do Inep, nos primeiros dez dias do período de correção.
Edital pode ter novas regras para a redação
Costa afirmou ainda que as regras da correção da prova de redação podem mudar novamente neste ano, incluindo a possibilidade de anular as redações com trechos que caracterizem "deboche", a exigência de que uma nota 1.000 só seja dada caso o texto não tiver nenhum erro, por menor que seja, e até mudar o sistema de pontuação para que, em vez de uma nota de 0 a 1.000, o estudante seja avaliado por meio de conceitos como bom e ótimo.
Ele afirmou que vai encaminhar à comissão que elabora as regras do edital uma proposta para estudar a viabilidade técnica de dar nota zero a uma redação "quando ficar caracterizado que é claramente um deboche, ou desrespeito aos demais participantes" do exame.
"Deve ter nota zero? Eu creio que sim, tenho que separar o joio do trigo. Só que tenho que fazer isso com muita cautela, porque pode ser que o estudante de repente tenha um branco, saia do tema, mas faça com seriedade, e depois volte ao tema. Esse não pode ser prejudicado", disse Costa ao G1, ao afirmar que vai encaminhar a proposta aos membros da comissão responsável por elaborar o edital do Enem 2013, previsto para ser divulgado em maio.
Se aceita pela comissão, a mudança poderá render a nota zero a textos parecidos aos que, no ano passado, tiveram pontuação baixa, mas não foram anuladas. O estudante de medicina Fernando César Maioto Júnior, de 21 anos, tirou a nota 500 ao escrever um texto sobre imigração que incluiu trechos do hino do Palmeiras. No segundo caso, o autor da prova, o estudante de engenharia civil Carlos Guilherme Custódio Ferreira, de 19 anos, acabou avaliado com a nota 560 ao transcrever uma receita de miojo na redação.
O objetivo dos dois era provar que os corretores não liam as redações com atenção e, por isso, a nota dos candidatos era aleatória. Luiz Cláudio, porém, afirmou que a nota de ambos, com penalização similar, prova justamente que o sistema funciona.
"Nem todo mundo sabe o hino de todos os times do país. Não pode prejudicar o estudante sério, mas procurar identificar aquele que está fazendo até em desrespeito aos outros e ao sistema, como já existe hoje com os impropérios."
A comissão responsável pelo edital do Enem tem quatro membros do próprio Inep e quatro membros de outras instituições do país. Costa explicou que, no Brasil, existem várias correntes e opiniões sobre a avaliação pedagógica de uma redação, e que o órgão considera os diferentes argumentos. "Essa discussão técnica é boa. Algumas pessoas dizem que a nota mil tem que ser assim dessa forma, que pode ter alguns desvios, mesmo quando estudantes mostram que têm domínio da norma", diz ele, citando também outras correntes que defendem que uma redação com nota máxima não pode ter nenhum erro.
Além disso, ele afirmou que algumas universidades brasileiras defendem avaliar as redações com conceitos para encaixar os estudante em categorias de acordo com seu desempenho, como ruim, regular, bom ou ótimo. "O edital, como nós tivemos do ano passado para esse, é um sistema em evolução, temos muita humildade para ouvir as opiniões", disse.
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