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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Atualidades 82 - Renúncia de Mubarak

Renúncia de Mubarak é só o começo da transição democrática, diz Obama
Presidente americano elogia Exército egípcio e garante que apoio ao país vai continuar
11 de fevereiro de 2011 | 18h 14
Tensão no Egito
‘O Egito está livre!’, grita a multidão na Praça Tahrir. Cairo, 11 de fevereiro. Ben Curtis/AP
SÃO PAULO – O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta sexta-feira, 11, que a renúncia do ex-ditador egípcio Hosni Mubarak é apenas o começo da transição do país rumo à democracia.  ” Egito nunca mais será o mesmo. Não é o fim da transição egípcia. É o começo. Estou confiante de que o povo do Egito pode fazer isto pacificamente”, disse Obama em pronunciamento na Casa Branca, transmitido pela CNN.


O presidente americano garantiu o apoio de seu país ao Egito e elogiou o papel do Exército na derrubada de Mubarak, mas cobrou, mais uma vez, uma transição rumo a democracia. “Os militares foram responsáveis e patriotas. Agora deverão comandar uma transição crível aos olhos do Egito. Um caminho claro para eleições livres e justas”, disse.
Obama também ressaltou o caráter histórico do dia de hoje e elogiou os jovens egípcios que iniciaram os protestos contra Mubarak. “O Egito teve um papel importantíssimo na história do mundo em 6 mil anos. Este é o jeito que a democracia verdadeira funciona.A força moral da não-violência vergou a história na direção da Justiça”, disse.
Mubarak renunciou nesta terça-feira após 18 dias de maciços protestos populares no Egito. Ele deixou o Cairo com a família rumo a Sharm el-Sheik, balneário turístico na península do Sinai. O Exército prometeu  conduzir o país na transição rumo a um regime democrático. O Conselho Supremo do Exército, sob comando o ministro da Defesa Mohammed Hussein Tantawi, liderará o governo.






Os 30 anos de Hosni Mubarak no poder

De formação militar, presidente atuou na Força Aérea Egípcia e está no governo desde 1981

  
O atual presidente do Egito, Muhammad Hosni Said Mubarak, nasceu na província de Monufia, no norte do país, em 4 de maio de 1928. Tem formação militar - atuou na Força Aérea Egípcia - e está no governo desde outubro de 1981.
Mubarak é considerado um dos mais poderosos chefes de Estado do Oriente Médio e tem exercido papel de mediador no conflito árabe-israelense, além de ter tido uma função fundamental na disputa do território do Saara Ocidental, entre Marrocos, Argélia e Mauritânia.
Graduou-se pela Academia Militar em 1949 e pela Academia da Força Aérea Egípcia em 1950, da qual foi comandante-chefe a partir de 1972. Seu desempenho na guerra de Yom Kippur com Israel em 1973 lhe rendeu o cargo de marechal, concedido um ano depois. Em 1975, o presidente Muhammad Anwar el-Sadat nomeou Mubarak como seu vice-presidente, que seis anos mais tarde assumiu o comando do país, após o assassinato de Sadat. O posto de presidente foi renovado por quatro vezes nestes 30 anos: em 1987, 1993, 1995 e 1999.
Em 6 de outubro de 1981, Mubarak chegou à presidência após Sadat ser baleado por ativistas islâmicos em um desfile militar. Foi aprovado pela população em um referendo no mesmo mês. Em 26 de junho de 1995, sofreu um atentado de homens armados que atacaram seu carro na chegada à cúpula da Organização da Unidade Africana (OUA), em Adis Abeba, capital da Etiópia. Mubarak não se machucou, voltou para o Egito e chegou a acusar um sudanês pela tentativa.
Em 17 novembro de 1997, o maior grupo militante islâmico do país, o al-Gama'a al-Islamiya, matou 58 turistas e quatro egípcios em um templo próximo à cidade de Luxor. Seis homens armados e três policiais também morreram. O Estado reprimiu o grupo e a Jihad Islâmica, cujo alvos eram turistas, cristãos e ministros. Os fundamentalistas fizeram uma campanha em 1990 por um Estado islâmico, e o governo manteve um controle rígido sobre esses grupos desde então.
Em 5 de outubro de 1999, Mubarak tomou posse como presidente para seu quarto mandato, e nomeou Atef Obeid como primeiro-ministro depois que o governo liderado por Kamal Ganzouri renunciou.
Em 22 de dezembro de 1999, o Egito concordou em vender gás natural, o que o gabinete do premiê israelense Ehud Barak chamou de "Oleoduto da Paz". Após anos de negociações para a paz no Oriente Médio, Barak disse que o gás seria canalizado a partir de El-Arish, no Egito, para Israel e Autoridade Palestina, e mais tarde para Turquia, Síria e Líbano.
Em 2004, Mubarak afirmou, em entrevista ao jornal francês Le Monde, que considera existir um "ódio sem precedentes" contra os Estados Unidos nos países árabes (entre eles, o Egito), motivado pela proteção econômica e militar concedida pelo governo americano a Israel.
Um ano depois, protestos nas ruas pelo movimento Kefaya ("Basta!") atraiu centenas de pessoas em todo o país para se opor a um quinto mandato de Mubarak ou a qualquer tentativa de ele pôr o filho Gamal em seu lugar. Dias antes, a polícia prendeu cerca de 200 membros e simpatizantes da Irmandade Muçulmana.
Em 11 de maio de 2005, o Parlamento egípcio votou para mudar a Constituição, a fim de permitir as controversas eleições presidenciais, rejeitando acusações da oposição de que regras rígidas evitariam uma concorrência efetiva. Um referendo no fim de maio confirmou esmagadoramente essa mudança constitucional.
Em 27 de setembro do mesmo ano, Mubarak foi empossado para um quinto mandato consecutivo, depois de vencer sua primeira eleição contestada, no dia 7. O rival Ayman Nour foi o único membro do Parlamento a permanecer sentado durante a cerimônia, aparentemente para mostrar sua recusa em aceitar a contagem oficial.
Em 8 de dezembro de 2005, a Irmandade Muçulmana aumentou suas cadeiras no Parlamento egípcio, após uma eleição marcada pela violência, mas o partido de Mubarak manteve a grande maioria. Oito pessoas morreram no último dia de votação, em 7 de dezembro. A Irmandade diz que ganhou 12 lugares, expandindo seu bloco para 88, quase um quinto das vagas e seu melhor desempenho até hoje.
Em 19 de novembro de 2006, Mubarak disse que manteria suas responsabilidades como presidente para o resto da vida. Em 4 de junho de 2009, o presidente dos EUA, Barack Obama, em um discurso no Cairo, pediu um "novo começo" nos laços entre Washington e o mundo islâmico.
Em 26 março do ano passado, o ex-chefe da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) Mohamed ElBaradei fez sua primeira aparição pública após o retorno ao Egito, em fevereiro. ElBaradei afirmou que iria considerar uma candidatura presidencial se exigências fossem atendidas, incluindo alterações constitucionais para limitar o poder no país.
Em 27 de março de 2010, Mubarak voltou ao Egito para reassumir os poderes presidenciais depois de passar três semanas se recuperando de uma cirurgia na vesícula, realizada na Alemanha. Em 29 de novembro, a Irmandade Muçulmana disse que a fraude nas eleições eliminou sua presença no Parlamento, praticamente limando a oposição ao partido de Mubarak antes da votação presidencial de 2011. O governo limitou a proibição de partidos religiosos ao perseguir os independentes.
Em 25 de janeiro deste ano, protestos antigoverno em todo o Egito tiveram início, e a população tem demonstrado raiva, queixando-se da pobreza e da repressão às liberdades individuais. Em 28 de janeiro, Mubarak ordenou que tropas e tanques fossem enviados às cidades durante a noite para reprimir as manifestações no país. Segundo a ONU, cerca de 300 pessoas foram mortas nesses atos.
Em 31 de janeiro, o Egito empossou o vice-presidente Omar Suleiman, que disse que Mubarak lhe pediu para iniciar um diálogo com todas as forças políticas. Em 1º de fevereiro, mais de um milhão de pessoas em todo o país foram às ruas para pedir o fim do governo de Mubarak.
No dia 6, grupos da oposição, incluindo a banida Irmandade Muçulmana, mantiveram conversações com o governo, presidido pelo vice-presidente. Dois dias depois, Suleiman afirmou que o Egito tem um calendário para a transferência pacífica do poder.
Nesta quinta-feira, 10, Mubarak informou que um diálogo nacional está em andamento e já transferiu o poder ao vice-presidente, mas se recusa a deixar o cargo imediatamente, como querem os manifestantes.

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