Um símbolo de beleza e polêmica Logomarca dos Jogos do Rio, lançada no réveillon, recebe mais elogios que críticas. Sua exploração deve render R$ 3 bilhões
A estimativa do designer Fred Gelli, criador da logomarca dos Jogos Olímpicos do Rio, é de que quatro bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo vejam a sua obra assim que a competição tão badalada começar em 2016. Lançada no réveillon carioca, na Praia de Copacabana, ela já nasceu cercada de polêmicas – até com acusações de plágio -, e, claro, de elogios e críticas – há quem não tenha gostado, mas uma minoria. Para o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, a marca é inovadora e criativa. Especialistas ouvidos pelo Estado aprovaram o símbolo olímpico.
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O publicitário Washington Olivetto fez uma série de elogios ao logo. “Gostei bastante. Não conheço os detalhes do briefing que inspirou a criação dessa marca, mas o primeiro impacto foi positivo. Tem harmonia gráfica e movimento contínuo, necessário na prática de todos os esportes. Ainda consegue ser 3D, com ângulos que sugerem o símbolo do infinito, valor significativo, importante para a eternidade desejada pelos idealizadores dos Jogos Olímpicos”, comentou.
Para ele, “é fácil enxergar na marca influências de figuras importantes do cenário brasileiro, como Oscar Niemeyer e Burle Marx, que em todos os seus projetos usam traços que sugerem formas orgânicas em movimento”. “A brincadeira de roda, reforçada pelas cores bem brasileiras, simbolizam a alegria do povo brasileiro. Movimentando-se mais um pouco em volta da marca, existe um ângulo pelo qual podemos enxergar claramente o Pão de Açúcar.”
O designer gráfico Fabrício Montemor fez uma observação curiosa. De acordo com ele, durante muito tempo os organizadores desses eventos optavam por escolher um personagem como símbolo dos Jogos. Na maioria das vezes era um animal (como foi o caso do ursinho Micha, na Olimpíada de 1980, em Moscou), ou um ser com ares alienígenas, como ocorreu na Copa do Mundo da Coreia do Sul e do Japão, em 2002.
“No caso do Rio, em vez de buscar a empatia e a simpatia das pessoas por meio da adoção de uma figura fofa, como um bichinho de estimação, optou-se por despertar uma sensação, um sentimento bom”, explicou. “Alguns vão traduzir isso como paz, outros como integração ou união. Enfim, parece que o propósito foi atingido.”
Na visão de Rogério Dezembro, diretor da Talent, uma das maiores agências de propaganda do País, a escolha da logomarca é um momento crucial da organização do evento. Isso porque, se a imagem for bem recebida pelo público e tiver por trás dela um bom trabalho de divulgação de marketing, pode se transformar na principal fonte de receita da organização.
O Comitê Organizador da Olimpíada de 2016 planeja arrecadar cerca de R$ 3 bilhões com a exploração da logomarca, lançada no réveillon do Rio. A expectativa é de que os produtos oficiais licenciados comecem a ser vendidos em dois anos.
“É possível ativar diversas campanhas a partir dessa marca. Na condição de organizador, você pode licenciar produtos, como os tradicionais – camisetas, chaveiros, chapéus, além de toda a gama de artigos oficiais -, como também fazer contratos com empresas para que elas usem o logo em suas campanhas, dizendo que sua marca ou seu produto é o oficial dos Jogos Olímpicos”, acrescentou.
De acordo com Dezembro, que nas horas vagas se aventura no departamento de marketing do Palmeiras, a polêmica que sucedeu ao lançamento da marca – há quem considere plágio do logo de uma ONG americana – não trará consequências. “A tendência é de que, com o passar do tempo, o mercado esqueça isso e tudo ande com tranquilidade.”
Washington Olivetto acredita que os trabalhos citados como plagiados têm objetivos diferentes e são diferentes visualmente.
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