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domingo, 30 de janeiro de 2011

Atualidades 80 - Referendo Aprova A Divisão Do Sudão

No Sul do Sudão, o referendo de autodeterminação é visto como “uma marcha final para a liberdade”.
A par com os cartazes de apelo ao voto, centenas de sudaneses de Juba – capital do Sul – já celebram antecipadamente o escrutínio. Analistas e dirigentes em Cartum acreditam que resultará na separação entre o Norte muçulmano e o Sul maioritariamente cristão e animista.
O responsável da missão da ONU, David Grassley, sublinhou que “os cépticos que não acreditavam que o Sul do Sudão estaria pronto para realizar o referendo estavam errados. Os eleitores, os observadores nacionais e estrangeiros, os funcionários das assembleias de voto e a polícia devem agora fazer a sua parte para salvaguardar a integridade do processo”.
O referendo, que se prolonga a partir de domingo por uma semana, deveria também decidir o futuro da região disputada de Abyei. Mas este voto foi adiado sem data fixa, o que faz temer confrontos entre tribos rivais.
Ainda assim, as Nações Unidas acreditam que tudo está a postos para um escrutínio “pacífico e credível”.

Uma nova nação deve surgir na África nos próximos meses. A população do Sudão iniciou no último dia 9 de janeiro um referendo que deve aprovar a separação entre as regiões Sul e Norte do país. Divisões étnicas, tribais e religiosas causam conflitos que duram décadas no território. Agora, a disputa por reservas de petróleo ameaça dar início a outra guerra.

A votação vai até o dia 15 e o resultado será anunciado em 22 de janeiro. É preciso um comparecimento de 60% dos eleitores. Se for aprovado nas urnas – há estimativa de 90% a favor –, será criado em julho o 193º país do mundo.

O novo país pode se chamar Sudão do Sul, Novo Sudão ou Kush, nome de uma das primeiras civilizações que habitavam a região. A cidade de Juba será a capital.

O Sudão é o maior país do continente africano. A região Norte é de maioria árabe e mulçumana, enquanto no Sul há predomínio da população negra e cristã. Houve duas guerras pela independência do Sul. A primeira começou em 1955 e terminou em 1972, após um acordo de paz.

Os conflitos recomeçaram em 1983 e só foram interrompidos com um cessar-fogo em 2005, entre o Exército e os rebeldes sulistas do SPLA (Exército Popular de Libertação do Sudão). Estima-se que a guerra civil tenha deixado 2,5 milhões de mortos e 5 milhões de refugiados. Um acordo estabelecido com o último cessar-fogo conferiu ao Sul autonomia do governo central de Cartum.

Caso se torne um país, o Sudão do Sul será um dos mais pobres do mundo. A região é pouco maior que o Estado de Minas Gerais e possui 8,5 milhões de habitantes. Segundo dados da ONU, 90% da população vive abaixo da linha da pobreza. Até 85% da população adulta é analfabeta, metade não tem acesso à água potável e quase não há estradas ligando o território.
 

Petróleo

O Sudão, contudo, é rico em petróleo, o que pode vir a ser a fonte de novos conflitos. As reservas são conhecidas há três décadas. Recentemente, descobriu-se que são muito maiores, de até 6,7 bilhões de barris (em comparação, calcula-se que o pré-sal de Tupi, no Brasil, tenha entre 5 e 8 bilhões de barris).

Os termos do acordo de paz, firmado há seis anos, incluíam a divisão igualitária dos rendimentos com a exportação do minério entre as regiões Norte e Sul, até 2011. A renegociação do acordo após o referendo é um dos pontos mais delicados no processo de separação.

Apesar de o Sul concentrar 80% das reservas, a exportação do produto depende do acesso ao Mar Vermelho, que é feito pelo Norte do país. Além disso, o distrito de Abyei, localizada na fronteira, é rico em petróleo. A população local fará um referendo para saber se junta-se ao Norte ou ao Sul.

Há ainda outro componente delicado na transição: os caprichos de um ditador. O Sudão é governado por Omar Bashir, acusado de genocídio em Darfur, região oeste do país. Os conflitos étnicos em Darfur começaram em 2003 e deixaram 50 mil mortos. Há uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional contra Bashir por crimes de guerra.

O ditador deu indícios de que aceitará o resultado das urnas, mas disse também que o Sul não está preparado para constituir um Estado independente. Pelo menos 30 pessoas morreram em ataques nos primeiros dias de votação. Analistas temem que o plebiscito prejudique o cessar-fogo. O país vizinho, Quênia, se prepara para uma eventual onda de refugiados.

Kosovo

Outras regiões do mundo, caracterizadas por diferenças étnicas, religiosas e linguísticas, lutam pela independência. Entre as mais conhecidas estão o País Basco, localizado entre a França e a Espanha; a Chechênia, que tenta se desligar da Rússia; e o Tibete, que luta contra o domínio chinês. Em 2008, o Kosovo, na península balcânica, declarou independência da Sérvia. Ele foi reconhecido pelos Estados Unidos e alguns países da União Europeia.

Direto ao ponto volta ao topo
O Sudão iniciou no último dia 9 de janeiro um referendo que deve aprovar a separação entre as regiões Sul e Norte. Divisões étnicas, tribais e religiosas causam conflitos que duram décadas no país.

A votação vai até o dia 15 e o resultado será anunciado em 22 de janeiro. É preciso um comparecimento de 60% dos eleitores. Há estimativa de 90% a favor. Ser for aprovado, será criado em julho o 193º país do mundo. O nome ainda não foi decidido.

O Sudão é o maior país do continente africano. A região Norte é de maioria árabe e mulçumana, enquanto no Sul há predomínio da população negra e cristã. Houve duas guerras pela independência do Sul: uma entre 1955 e 1972, e outra entre 1983 e 2005. Cerca de 2,5 milhões de pessoas foram mortas.

Um acordo estabelecido com o último cessar-fogo conferiu ao Sul autonomia do governo central de Cartum. Caso se torne um país, o Sudão do Sul será um dos mais pobres do mundo.

O Sudão, contudo, é rico em petróleo. Apesar de o Sul concentrar 80% das reservas, a exportação do produto depende do acesso ao Mar Vermelho, que é feito pelo Norte do país.


Saiba mais

  • Historia da África - uma introdução (Crisálida): livro de Ana Mônica Lopes e Luiz Arnault traz introdução à história do continente africano, em temas como religião, economia, imperialismo e lutas pela independência.
  • O Último Rei da Escócia (2006): filme sobre o ditador Amin Dada, que governou Uganda de 1971 a 1979, e foi acusado de promover massacres.
 

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