Os rebeldes da Líbia tomaram as manchetes do mundo nesta segunda-feira.
Em conflito com as tropas do líder Muammar Kadafi desde fevereiro deste
ano, os revoltosos do chamado Conselho Nacional de Transição (criado
também em fevereiro) conseguiram ocupar ontem cerca de 70% da capital do
país, Trípoli. Eles também tomaram um quartel de elite do governo, onde
anunciaram a rendição da guarda presidencial, e disseram ter prendido
dois filhos do ditador.
A revolta na Líbia começou em 15 de fevereiro deste ano, quando um
ativista de direitos humanos que ia contra governos corruptos foi
detido. Ainda em fevereiro, a ONU passou a apoiar as manifestações,
bloqueando os bens de Kadafi no exterior e impondo o embargo de armas.
Em 1o de março a Líbia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Até agora 1,2 milhão de pessoas já fugiram do país.
Em Trípoli, os rebeldes não encontraram muita resistência e logo
avançaram pela cidade. Eles disseram que vão acabar com o conflito se o
ditador fugir do país. Não se sabe ainda onde Kadafi está, mas durante o
final de semana ele fez discurso transmitido pela televisão pedindo que
o povo não deixe que os rebeldes tomem o país. Os rebeldes acreditam
que o a queda de Kadafi é eminente.
O ditador é o líder que ficou por mais tempo no poder no mundo árabe –
trata-se de uma ditadura de 42 anos. Ele não tem função oficial no
governo e é conhecido como “Irmão Líder e Mentor da Revolução”. Kadafi
assumiu o poder em um golpe militar em 1o de setembro de
1969, quando o rei Idris Senussi ainda governava. O rei estava no
governo desde 1951, quando houve a independência da Líbia.
Kadafi é um líder excêntrico, que chama a atenção do mundo quando
visita outros países – ele dorme em tendas beduínas cercadas de
seguranças mulheres. A sua liderança, no entanto, foi marcada por
repressão a opositores e pela participação em ataques terroristas, como a
explosão de um avião que matou 270 pessoas em Lockerbie, na Escócia, no
ano de 1988, e um atentado a bomba a uma discoteca freqüentada por
soldados norte-americanos em Berlim, em 1986. Depois do atentado na
Escócia a Organização das Nações Unidas (ONU) impôs sanções que
prejudicaram a economia da Líbia. Devido às acusações de ter se
envolvido em atentados terroristas, o governo de Kadafi foi excluído da
comunidade internacional durante grande parte do seu governo.
Na Líbia, o ditador criou um partido único – a União Árabe Socialista
–, por meio da qual colocou filhos seus no governo. Ele também tentou
unir a Líbia, o Egito e a Síria em uma federação, no chamado
pan-arabismo, mas não conseguiu. Em 1973, conseguiu sobreviver a um
golpe de Estado, e então começou uma revolução cultural no país para
manter-se no poder. Em 1977, decretou a Líbia uma “república popular
socialista”. O país até hoje não possui uma constituição e o Índice de
Desenvolvimento Econômico é alto devido às reservas de petróleo
existentes no país.
Desde dezembro do ano passado ocorreram manifestações em diversos países árabes. Esse fenômeno é chamado de primavera árabe.
As revoltas aconteceram na Tunísia, no Egito, na Argélia, no Iêmen, na
Líbia e na Síria, e fizeram cair os governos do Egito e da Tunísia.
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