Explosão de reator na usina da antiga URSS provocou o maior desastre atômico da história
Em abril de 1986, uma nuvem perigosa e invisível pairou sobre a Europa. A ameaça que vinha pelo ar tinha origem na usina atômica de Chernobyl, na antiga União Soviética (URSS), hoje território da Ucrânia. No dia 26 daquele mês, o reator de número 4 da central se desintegrou, provocando o maior acidente nuclear da história.
25 anos depois, Pripyat, localidade nos arredores da usina, é uma cidade fantasma. Já os perigos da energia atômica continuam presentes, nas vítimas ucranianas que ainda padecem de câncer, e agora no desastre da central de Fukushima, no Japão.
Construída na década de 1970, Chernobyl era a razão de ser de Pripyat, cidade com mais de 40 mil habitantes, a maioria funcionários ligados à central. Por ano, nasciam mil bebês na cidade, onde a idade média dos moradores era de 26 anos. Animada com a expansão da usina, Pripyat crescia e já tinha salas de cinema e um parque de diversões às vésperas do acidente.
O clima eufórico, no entanto, perdeu-se com as partículas de Césio 137 e Iodo 131 lançadas na atmosfera na madrugada de 26 de abril de 1986. Devido aos altos níveis de radiação, ninguém mais vive ou entra num raio de 30 km ao redor de Chernobyl.
Segundo estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), 4.000 pessoas morreram após a tragédia, a maioria vítima de câncer. Outras organizações e relatórios, por sua vez, apontam uma quantidade maior de vítimas, chegando a 500 mil mortos, de acordo com a Comissão Nacional para Proteção contra Radiação da Ucrânia
O acidente
Uma sucessão de erros humanos e técnicos causou o desastre. No dia da tragédia, técnicos faziam um teste de segurança no reator 4, reduzindo sua capacidade operacional para 20% do total. Esse nível acabou despencando para quase 1%, obrigando os operadores a aumentarem a potência do reator rapidamente.
O engenheiro-chefe adjunto, Anatoly Dyatlov, levou o teste adiante. Foi um erro fatal. Um súbito aumento da capacidade de operação, associado a falhas no sistema de segurança e resfriamento, levou à explosão. A temperatura no interior do reator ultrapassou os 2.300° C e nem mesmo o teto de aço e concreto suportou a pressão. À 1h23 daquele sábado ocorreu o maior desastre nuclear da história.
O clima eufórico, no entanto, perdeu-se com as partículas de Césio 137 e Iodo 131 lançadas na atmosfera na madrugada de 26 de abril de 1986. Devido aos altos níveis de radiação, ninguém mais vive ou entra num raio de 30 km ao redor de Chernobyl.
Segundo estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), 4.000 pessoas morreram após a tragédia, a maioria vítima de câncer. Outras organizações e relatórios, por sua vez, apontam uma quantidade maior de vítimas, chegando a 500 mil mortos, de acordo com a Comissão Nacional para Proteção contra Radiação da Ucrânia
O acidente
Uma sucessão de erros humanos e técnicos causou o desastre. No dia da tragédia, técnicos faziam um teste de segurança no reator 4, reduzindo sua capacidade operacional para 20% do total. Esse nível acabou despencando para quase 1%, obrigando os operadores a aumentarem a potência do reator rapidamente.
O engenheiro-chefe adjunto, Anatoly Dyatlov, levou o teste adiante. Foi um erro fatal. Um súbito aumento da capacidade de operação, associado a falhas no sistema de segurança e resfriamento, levou à explosão. A temperatura no interior do reator ultrapassou os 2.300° C e nem mesmo o teto de aço e concreto suportou a pressão. À 1h23 daquele sábado ocorreu o maior desastre nuclear da história.
Emico Okuno, professora do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), conta que as primeiras vítimas do acidente foram os funcionários expostos à radiação.
- Quem morreu até o fim daquele ano [1986], em geral, foram técnicos e bombeiros que tentaram parar o incêndio. Nas primeiras horas após o acidente, eles subiram no reator. Como fazia muito calor, abriram as jaquetas e se queimaram. O material radioativo acabou grudando nos corpos. Eles foram queimados duas vezes, primeiro com o fogo e depois com a radiação.
Autoridades esconderam o acidente
As autoridades soviéticas apressaram-se em esconder o ocorrido. Mas, dois dias após o acidente, partículas radioativas foram detectadas na Suécia, o que levou Moscou a tornar pública a tragédia.
A demora em revelar o acidente foi catastrófica. Os habitantes de Pripyat foram avisados 36 horas após a explosão. A retirada das 84 mil pessoas que deixaram a região foi dificultada pela radiação, que contaminou trens e barcos.
A nuvem radioativa liberada por Chernobyl atingiu mais de 200 mil km², chegando à Suíça e ao Reino Unido. Os territórios mais contaminados foram os dos atuais Belarus, Rússia e Ucrânia – em algumas regiões, a camada com material radioativo no solo chega a 20 cm.
Desastre marcou decadência soviética
Chernobyl não foi um desastre apenas à saúde humana, mas também ao regime soviético. Segundo Osvaldo Coggiola, professor de História Contemporânea da USP, o acidente abalou o governo da União Soviética, cujo programa atômico concorria com o dos Estados Unidos durante a Guerra Fria.
- Chernobyl mostrou que, tecnologicamente, a indústria nuclear soviética era de má qualidade e não resolvia os problemas de energia da União Soviética. Chernobyl teve um impacto político e simbólico-ideológico.
Em 1991, a antiga União Soviética se desintegrou e Chernobyl passou a fazer parte da atual Ucrânia – a usina só seria definitivamente fechada 14 anos após a tragédia, em 2000. A radiação, no entanto, continua a assombrar a região. E a contaminação deve seguir pelos próximos cem anos.
Assista ao vídeo sobre o acidente em Chernobyl:
- Quem morreu até o fim daquele ano [1986], em geral, foram técnicos e bombeiros que tentaram parar o incêndio. Nas primeiras horas após o acidente, eles subiram no reator. Como fazia muito calor, abriram as jaquetas e se queimaram. O material radioativo acabou grudando nos corpos. Eles foram queimados duas vezes, primeiro com o fogo e depois com a radiação.
Autoridades esconderam o acidente
As autoridades soviéticas apressaram-se em esconder o ocorrido. Mas, dois dias após o acidente, partículas radioativas foram detectadas na Suécia, o que levou Moscou a tornar pública a tragédia.
A demora em revelar o acidente foi catastrófica. Os habitantes de Pripyat foram avisados 36 horas após a explosão. A retirada das 84 mil pessoas que deixaram a região foi dificultada pela radiação, que contaminou trens e barcos.
A nuvem radioativa liberada por Chernobyl atingiu mais de 200 mil km², chegando à Suíça e ao Reino Unido. Os territórios mais contaminados foram os dos atuais Belarus, Rússia e Ucrânia – em algumas regiões, a camada com material radioativo no solo chega a 20 cm.
Desastre marcou decadência soviética
Chernobyl não foi um desastre apenas à saúde humana, mas também ao regime soviético. Segundo Osvaldo Coggiola, professor de História Contemporânea da USP, o acidente abalou o governo da União Soviética, cujo programa atômico concorria com o dos Estados Unidos durante a Guerra Fria.
- Chernobyl mostrou que, tecnologicamente, a indústria nuclear soviética era de má qualidade e não resolvia os problemas de energia da União Soviética. Chernobyl teve um impacto político e simbólico-ideológico.
Em 1991, a antiga União Soviética se desintegrou e Chernobyl passou a fazer parte da atual Ucrânia – a usina só seria definitivamente fechada 14 anos após a tragédia, em 2000. A radiação, no entanto, continua a assombrar a região. E a contaminação deve seguir pelos próximos cem anos.
Assista ao vídeo sobre o acidente em Chernobyl:
Desastres nucleares: Fukushima vs Chernobyl
Nesta terça-feira, 26 de abril, completam-se 25 anos do desastre nuclear de Chernobyl. A data seria de rememoração, mas ganhou uma atualidade imprevista após o terremoto japonês de março deste ano, que colocou em xeque a usina de Fukushima e o futuro da energia nuclear mundial. Comparações com o episódio de 1986 atrás ajudam a compreender em que medida a situação atual é menos grave – e em quais pontos ela permanece uma incógnita
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