Desembolso dos lares da região registrou o maior aumento do País, chegando a 18%, comparado à média nacional de crescimento de 10,4%
SÃO PAULO – O vigor da renda do agronegócio, combinado com o avanço da industrialização, transformou o Centro-Oeste no novo Eldorado do consumo. De alimentos e produtos de limpeza a imóveis e automóveis, o ritmo acelerado de compras e a boa saúde financeira das famílias chamam a atenção dos empresários e atraem investimentos para a região.
Os brasileiros que vivem em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal foram os que mais ampliaram os volumes de compras e os gastos com alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza em relação às demais regiões em 2010 ante 2009, revela pesquisa da Kantar Worldpanel, obtida com exclusividade pelo Estado.
A enquete, que visita semanalmente 8.200 famílias no País para fotografar o consumo, mostra que o desembolso dos lares do Centro-Oeste com uma cesta de 65 produtos cresceu 18% em 2010 em relação a 2009. Foi a maior variação entre as regiões e acima da média do País (10,4%).
Os consumidores do Centro-Oeste também foram os campeões de gastos por ida ao supermercado: R$ 16,01. A cifra superou a média nacional de R$ 13,96 e os desembolsos dos dois principais mercados consumidores: a Grande São Paulo (R$ 12,25) e o interior paulista (R$ 14,76). E só ficou atrás do Sul (R$ 22,35).
“Em dois anos, os consumidores do Centro-Oeste foram os que mais ampliaram gastos nos supermercados”, diz a diretora da Kantar Worldpanel, Christine Pereira. O surpreendente é que, apesar do aumento do consumo, as famílias da região têm a melhor saúde financeira.
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“O bolso do consumidor do Centro-Oeste está mais equilibrado na comparação com o de outras regiões”, destaca ela. O estudo mostra que a renda mensal das famílias da região superou em 7% os gastos em 2010. Em 2009, essa relação era estável.
O desempenho da região em 2010 ultrapassou o da Grande São Paulo e do Sul, onde a renda excedeu em apenas 2% o gasto; o interior paulista e o Norte e Nordeste, que registraram estabilidade, e o leste e interior do Rio e a Grande Rio de Janeiro, que tiveram déficit de 5% e 16%, respectivamente.
Carro. Com orçamento folgado, o Centro-Oeste aumentou as compras de itens de maior valor. Levantamento do grupo brasileiro SHC mostra que duas capitais da região, Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT), tiveram, entre 2007 e 2010, crescimento de vendas de carros zero de 61,4% e 54%, respectivamente, acima da média nacional (42,1%).
Outro estudo, da Cetelem BGN e executado pela Ipsos Public Affairs, confirma a exuberância do consumo na região. Nesse caso, a enquete ouviu 1.500 pessoas em 70 cidades, em dezembro de 2010, e reuniu dados do Centro-Oeste e do Norte numa única região, com influência maior do Centro-Oeste no resultado, pela sua importância.
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Esse estudo mostra que, em novembro de 2010, o valor médio gasto pela população do Centro-Oeste com itens como supermercado, energia, remédios, gás, água, transporte, vestuário, dívidas bancárias e seguros superou o das demais regiões.
A situação financeira da região é tão confortável que, além de consumir mais, a população conseguiu aumentar a poupança. Em novembro de 2010, a população do Centro-Oeste guardou, em média, R$ 602, a maior cifra entre todas as regiões. Em relação a 2009, houve alta de R$ 190.
Para o gerente de Contas Regionais do IBGE, Frederico Cunha, o Centro-Oeste vem liderando o crescimento há algum tempo. Dados do PIB regional de 2008, o último disponível, mostram que, apesar de ter respondido por 9,2% do PIB nacional em 2008, fatia superior apenas à do Norte, a região foi a que mais cresceu em participação de 2007 para 2008, com alta de 0,3 ponto porcentual. Num período mais longo, de 2002 a 2008, o ganho foi de 0,4 ponto no PIB.
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