Não é de hoje que Belo Monte, uma cidade paraense a 940 quilômetros da capital Belém, está nos jornais como região de impasse ambiental. É que lá, o governo sonha em construir uma hidrelétrica gigantesca – só menor que a de Itaipú e a chinesa Três Gargantas - há 30 anos.
Tudo, no projeto para a obra em Belo Monte é gigantesco. E talvez seja isso que deixa os ambientalistas atentos desde a década de 80. A usina hidrelétrica foi projetada para barrar o Rio Xingu, um dos maiores da bacia Amazônica. A água vai ser desviada por imensos canais, de 250 metros de largura. Eles vão alimentar um lago, inundando 516 quilômetros quadrados de terra. É de um reservatório que sairá a água para rodar as turbinas da terceira maior usina do mundo.
Mas não são os números impressionantes que devem cair no vestibular. A história da usina, que já corre há mais de 30 anos, é que vale dar uma olhada.
Fique de olho:Em 1980, depois de alguns estudos preliminares, o governo começa a fazer algumas pesquisas sobre a viabilidade técnica de se fazer uma grande usina na região de Belo Monte, no Pará. Durante um bom tempo, houve conversação com os índios da região, mas cerca de 10 anos depois, os índios começaram a se preocupar com o projeto que estava sendo feito para a obra.
Durante o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, realizado em fevereiro em Altamira (PA), a índia Tuíra, em sinal de protesto, levantou-se da plateia e encostou a lâmina de seu facão no rosto do presidente da Eletronorte, José Antonio Muniz, estatal do governo, quando falou sobre da usina Kararaô (atual Belo Monte). A cena foi reproduzida em jornais e tornou-se histórica. O encontro teve a presença do cantor Sting. O nome Kararaô foi alterado para Belo Monte em sinal de respeito aos índios.
Cinco anos depois, o projeto foi remodelado para tentar agradar ambientalistas e investidores estrangeiros. Uma das mudanças preserva a Área Indígena Paquiçamba de inundação. Mais tarde, depois de uma crise energética no país, foi divulgado um plano de emergência de US$ 30 bilhões para aumentar o número de usinas no país, o que inclui a construção de 15 hidrelétricas, entre elas Belo Monte. Entre outros processos resultantes dessa aceleração, a Justiça Federal determinou a suspensão dos Estudos de Impacto Ambiental.
Depois de muitas manifestaçõe, até o diretor do filme “Avatar” decidiu defender a causa dos índios. Reuniu-se com lideranças da região e engajou-se na luta no ano passado. Ou seja: não é uma questão meramente da política brasileira. Há mobilizações internacionais que intervêm em atividades ambientais brasileiras. Por isso, as notícias sobre o tema não podem passar em branco.
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