Os principais países da Europa possuem uma elevada dívida pública, um passivo previdenciário crescente e uma carga tributária que já absorve praticamente a metade do PIB. Uma rara exceção é a Irlanda, que fez inúmeras reformas liberais e apresenta um quadro bem mais confortável. Para os demais países, reformas que cortem as despesas estatais são uma necessidade, mas encontram forte resistência por parte dos grupos organizados, que não desejam abrir mão dos privilégios. Juntando os problemas provenientes da tensão cultural causada pela imigração descontrolada, a demografia desfavorável e o excesso de governo atravancando a economia, o cenário para o futuro europeu não é dos melhores. Se nada significativo se alterar neste curso, poderemos presenciar, nesse século ainda, o declínio da Europa. Somente o tempo vai dizer se essas previsões mais pessimistas irão mesmo se concretizar. Mas os riscos existem e não podem ser minimizados.
Nos últimos dias, as bolsas de valores do mundo inteiro, inclusive no Brasil foram derrubadas pelas dúvidas de que alguns países da Europa, os chamados Pigs (porco, em inglês) não consigam honrar suas dívidas. A sigla representa as iniciais de Portugal, Itália e Irlanda, Grécia e Espanha (Spain, em inglês).
A crise financeira mundial, que atingiu o auge em setembro de 2008, agravou os problemas financeiros de alguns países da UE (União Europeia). Os governos, para diminuir os impactos da crise, ajudaram os setores mais críticos da economia com pacotes bilionários, que evitariam perdas de empregos e atenuariam os efeitos negativos das turbulências no setor financeiro. Com tantos pacotes de ajuda, a arrecadação destes governos diminuiu e eles ficaram mais endividados.
ENTENDA A CRISE NA GRÉCIA
A Grécia, que criou um pacote de medidas de ajuste fiscal para receber ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) - plano aprovado em 6 de maio, tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertado preocupação entre investidores de todo o mundo sobre sua situação econômica.
O país acumulou uma dívida de 300 bilhões de euros e um déficit fiscal em 2009 de 13,6%, bem acima do teto fixado pelo Tratado de Maastricht para os países da zona do euro, que situa o Produto Interno Bruto (PIB) em 3%.
Isso acontece porque a Grécia é um dos países que passam por um desequilíbrio fiscal devido à crise financeira global que atingiu as principais economias do mundo a partir de 2008: com a arrecadação em baixa e os gastos em alta, ela gasta mais do que arrecada.
Num momento em que os custos de financiamento se encontram nos níveis mais altos dos últimos 12 anos e sua economia afunda pelo segundo ano consecutivo, a Grécia está tentando cortar seu déficit fiscal com dolorosas medidas de austeridade para convencer os mercados de que não dará calote na dívida.
Resistência
Os gregos relutaram antes de acionar o socorro financeiro colocado à disposição do país desde o mês passado, porque temiam que a ajuda estrangeira estivesse condicionada a medidas drásticas. Além disso, o governo grego tinha um projeto pronto para privatizações e semiprivatizações de empresas estatais, o que lhe forneceria 2,5 bilhões de euros.
Tantos problemas econômicos espalham mau humor e influenciam negativamente o mercado financeiro. O maior temor dos investidores é de que os problemas desses países sejam um indicativo de que a recuperação da economia global depois da crise tenha formato de “W”, ou seja, uma ligeira melhora seguida por nova queda e posterior recuperação definitiva.
Nos últimos dias, as bolsas de valores do mundo inteiro, inclusive no Brasil foram derrubadas pelas dúvidas de que alguns países da Europa, os chamados Pigs (porco, em inglês) não consigam honrar suas dívidas. A sigla representa as iniciais de Portugal, Itália e Irlanda, Grécia e Espanha (Spain, em inglês).
A crise financeira mundial, que atingiu o auge em setembro de 2008, agravou os problemas financeiros de alguns países da UE (União Europeia). Os governos, para diminuir os impactos da crise, ajudaram os setores mais críticos da economia com pacotes bilionários, que evitariam perdas de empregos e atenuariam os efeitos negativos das turbulências no setor financeiro. Com tantos pacotes de ajuda, a arrecadação destes governos diminuiu e eles ficaram mais endividados.
ENTENDA A CRISE NA GRÉCIA
A Grécia, que criou um pacote de medidas de ajuste fiscal para receber ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) - plano aprovado em 6 de maio, tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertado preocupação entre investidores de todo o mundo sobre sua situação econômica.
O país acumulou uma dívida de 300 bilhões de euros e um déficit fiscal em 2009 de 13,6%, bem acima do teto fixado pelo Tratado de Maastricht para os países da zona do euro, que situa o Produto Interno Bruto (PIB) em 3%.
Isso acontece porque a Grécia é um dos países que passam por um desequilíbrio fiscal devido à crise financeira global que atingiu as principais economias do mundo a partir de 2008: com a arrecadação em baixa e os gastos em alta, ela gasta mais do que arrecada.
Num momento em que os custos de financiamento se encontram nos níveis mais altos dos últimos 12 anos e sua economia afunda pelo segundo ano consecutivo, a Grécia está tentando cortar seu déficit fiscal com dolorosas medidas de austeridade para convencer os mercados de que não dará calote na dívida.
Resistência
Os gregos relutaram antes de acionar o socorro financeiro colocado à disposição do país desde o mês passado, porque temiam que a ajuda estrangeira estivesse condicionada a medidas drásticas. Além disso, o governo grego tinha um projeto pronto para privatizações e semiprivatizações de empresas estatais, o que lhe forneceria 2,5 bilhões de euros.
Tantos problemas econômicos espalham mau humor e influenciam negativamente o mercado financeiro. O maior temor dos investidores é de que os problemas desses países sejam um indicativo de que a recuperação da economia global depois da crise tenha formato de “W”, ou seja, uma ligeira melhora seguida por nova queda e posterior recuperação definitiva.
Ajuda
Depois de a crise ameaçar atingir outros países da Europa, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeiao ofereceram à Grécia um pacote de ajuda 110 bilhões de euros (cerca de US$ 146 bilhões).
O governo se comprometeu a adotar medidas em contrapartida à ajuda. Entre as ações estão o congelamento de salários dos servidores públicos até 2013, o aumento de impostos, o corte no planos de aposentadoria, o fim de vários benefícios e a flexibilização das leis trabalhistas.
As medidas ocasionaram protestos por parte dos trabalhadores. Sindicatos realizaram greves gerais e manifestantes entraram em choque com a polícia. Em um dos protestos, três pessoas morreram.
Confira agora uma sessão de perguntas e respostas para ajudar a entender o que está em jogo nessa crise.
Por que a Grécia está nessa situação? |
Por que a situação causa tanta preocupação fora da Grécia? |
O que a Grécia está fazendo quanto a isso? |
Como essas medidas foram recebidas na Grécia? |
O que acontece agora? |
A Grécia poderia simplesmente abandonar o euro? |
Como a situação da Grécia se compara a de outros países? |
O que a Grécia está fazendo para reverter a crise? |
ENTENDA A PREOCUPAÇÃO DO MERCADO
Temores sobre a saúde financeira da economia europeia espalharam pessimismo nos principais centros financeiros do mundo nesta semana. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a queda semanal foi de mais de 4%, enquanto os principais mercados da Europa perderam, em média, 3,7%.
O motivo de tanta preocupação é a dificuldade que alguns países europeus vêm enfrentando para conseguir empréstimos para refinanciar suas crescentes dívidas públicas. Isso acontece porque os países passam por um desequilíbrio fiscal devido à crise: com a arrecadação em baixa e os gastos em alta, eles gastam mais do que arrecadam.
Para analistas, no entanto, o risco de “calote” por parte desses países é pequeno. Na avaliação deles, embora o crédito restrito possa resultar em juros cada vez mais altos e tempos difíceis para a economia, as nações não devem parar de pagar suas dívidas. O maior temor dos mercados é que os problemas desses países sejam um indicativo de que a recuperação da economia global depois da crise tenha formato de “W”, ou seja, uma ligeira melhora seguida por nova queda e posterior recuperação definitiva.
Para Miguel Daoud, diretor da consultoria Global Financial Advisor, “não existe calote na Itália, muito menos na Espanha e em Portugal. O que existe é uma dificuldade desses países na rolagem de suas dívidas”.
Ele explica que esses países estão enfrentando dificuldades com a relação entre dívida e PIB, considerada alta, mas há países em que ela é ainda maior, como no Japão, onde chega a 160%. “O impacto que isso pode ter é encarecer o custo da divida. Isso aumenta o desemprego, encarece os investimentos e o país passa por um período difícil”, explica Daoud. O especialista se diz mais preocupado com a situação econômica da Argentina e da Venezuela e com a questão do controle sobre os bancos nos Estados Unidos.
GRÉCIA | Como já visto, a Grécia é o caso mais emblemático e mais preocupante do grupo: o país tem a maior dívida da zona do euro, que deve atingir 120% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. No dia 5 de maio, a União Europeia aprovou com ressalvas o plano fiscal de três anos da Grécia para reduzir seu déficit fiscal. O euro, moeda do bloco, poderia ter grande desvalorização se a Grécia der um calote, mas o país e a UE disseram que isso não acontecerá e que o país não precisará de ajuda financeira. O plano da Grécia prevê que o déficit fiscal do país volte a menos de 3% do PIB em 2012. No ano passado, o déficit ficou em cerca de 13%. O déficit fiscal é a diferença entre a receita do país com tributos e outras fontes de arrecadação e os gastos. Sem dinheiro sobrando, o país tem mais dificuldades para pagar suas dívidas. |
PORTUGAL | No ano passado, Portugal registrou um déficit fiscal de 9,3% do PIB, maior do que o esperado. Enfrentando pressão para reparar suas finanças, o governo português prometeu reduzir o déficit para 8,3% do PIB neste ano. A União Europeia deu a Portugal até 2013 para reduzir o déficit para menos de 3% do PIB, o limite máximo aceito pelas regras do bloco. O governo português disse que o déficit maior do que o esperado no ano passado resultou de um declínio da arrecadação. Em 2010, o governo tentará limitar os gastos por meio do congelamento de salários de empregados do setor público e da tentativa de reduzir a folha de pagamento do governo. Em dezembro, as agências de classificação de risco Moody's e a Standard & Poor's alertaram para possíveis rebaixamentos na avaliação da dívida de Portugal. "Todo mundo tem se concentrado na Grécia, mas agora as pessoas estão acordando para o fato de que não se trata apenas da Grécia", disse o analista de câmbio Ian Stannard, do BNP Paribas. |
ITÁLIA | Outro país que preocupa os investidores é a Itália, economia bem maior que Grécia e Portugal, mas que também enfrenta dívidas altas e crescimento econômico fraco, que deixa pouca margem para o governo sair da situação fiscal desfavorável. A preocupação dos analistas é de que a UE até poderia resgatar a Grécia e Portugal, mas não a Espanha e Itália, países bem maiores. |
ESPANHA | Apesar de ter uma economia mais forte do que as de Grécia e Portugal, a Espanha tem um problema de endividamento privado, principalmente de mutuários de empréstimos habitacionais que se viram em apuros quando a bolha imobiliária do país estourou. Os grandes bancos espanhóis são sólidos, mas há problemas nas cajas de ahorro, instituições regionais de pequeno porte com foco em poupança e hipotecas e que tiveram um forte aumento da inadimplência. A recessão no país é profunda: a taxa de desemprego chegou a 20%. Sua dívida pública, em proporção do PIB, é metade da grega (53,2%). Porém, como trata-se de uma economia muito maior, em volume, o endividamento espanhol (de 1 trilhão) faria um estrago enorme em caso de insolvência e é isso que preocupa os investidores. |
CRISE NA EUROPA FREIA INTERESSE PELO BRASIL
A crise da Europa ameaça acabar com a lua de mel do mercado internacional com o Brasil. Nem tanto por razões domésticas, mas porque um eventual prolongamento das turbulências tende a secar os recursos disponíveis mundo afora para aplicações em ativos considerados de risco, como os brasileiros. As incertezas dos últimos dias já fizeram estragos no País - por enquanto, restritos à área financeira, sem afetar a economia real.
Os estrangeiros tiraram quase R$ 900 milhões da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nos três primeiros dias úteis de maio. A média diária de saída (próxima a R$ 300 milhões) supera até mesmo a do pior momento da crise global. Em outubro de 2008, deixaram a Bolsa R$ 4,7 bilhões, valor recorde dos últimos anos. Na média diária, eram R$ 213 milhões.
No mercado futuro de câmbio, os estrangeiros passaram a apostar na desvalorização do real. Até o início deste mês, esses investidores tinham uma posição de US$ 2,6 bilhões a favor da moeda brasileira. Terça-feira, inverteram a posição rapidamente. Agora, a posição está em US$ 2,5 bilhões a favor da alta do dólar.
Essa é uma das razões que explicam o ganho de 6,45% da moeda americana nos cinco primeiros dias úteis de maio. Na sexta-feira, o dólar valia R$ 1,85, ante R$ 1,74 no fim do mês passado.
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