English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Tea Party e a Intolerância


Falando um pouco sobre o movimento que, se ainda não é muito expressivo, pode ainda se tornar um problema para um futuro próximo: o Tea Party

Aqui poderia falar sobre esse movimento que se apresenta, como já vimos em outras vezes na história, como preconceituoso e racista. Mas acho que seria melhor indicar um artigo que encontrei na net e que tem como título “Tea Party rearticula a direita americana”. Como o próprio já deixa ver, esse movimento está tentando reorganizar a direita americana, principalmente para ir contra o atual governo de Obama. Por isso, entender o que ocorre naquele país pode ser importante para que possamos entender o que ocorre hoje em nosso mundo !
O ARTIGO: 



As eleições de meio de mandato americanas foram marcadas por um novo fenômeno político, o surgimento do Tea Party. Trata-se de um movimento que cristaliza a contestação dos conservadores contra as recentes políticas da administração americana em relação à crise econômica e social.
O Tea Party, apesar da sua inspiração republicana, está longe de ser um conjunto de ideias exclusivamente dependente do Partido Republicano em tempo de eleições. O movimento, dotado de  fervor antigovernamental, tem encontrado espaço e audiência na mídia.
Os principais ideólogos do movimento provaram ter habilidades para agitar as eleições primárias republicanas nos estados de Utah, Nevada, Alasca e Delaware.
O movimento é fruto da desconfiança geleralizada dos eleitores em relação aos dois principais partidos americanos.
Segundo Amy Gardner, jornalista do Washington Post que escreveu uma série de artigos sobre o Tea Party, o ideário do movimento se basia no simbolismo da independência americana, e foi buscar ao ano de 1773 a representação de um movimento contestatário de residentes da cidade de Boston, denominados de “Filhos da Liberdade”. Na época, os "Filhos da Liberdade" assaltavam barcos carregados de chá, para se opor ao pagamento de taxas à coroa inglesa. O movimento inspirou a luta pela independência americana, iniciada dois anos mais tarde.
Mais de 200 anos depois, o Tea Party voltou ao convívio dos americanos, reunindo figuras políticas que não tinham espaço nas viciadas estruturas dos dois principais partidos. No curto espaço de seis meses, sob os holofotes da imprensa, deram força e voz à oposição republicana.
O movimento deu projeção nacional a Sarah Palin, antiga candidata republicana à vice-presidência, que tem feito em seu programa eleitoral  duras criticas aos incentivo econômicos do governo às empresas, e à nova lei do sistema de saúde do presidente Obama. Palin já tinha obtido destaque ao criticar com veemência a politica da administração Bush de financiar os bancos e a industria automobilística.
Com a ampla divulgação que obteve, o Tea Party conquistou cargos nas eleições primárias republicanas em cerca de uma dezena de estados, o que fez aumentar a sua importância na corrida às eleições de meio de mandato de 2 de novembro.
Na avaliação de Amy, no entanto, o movimento não está livre de controvérsias. O Tea Party posiciona-se  como uma "terceira via", embora esteja fortemente ligado ao Partido Republicano, cujo projeto político é reforçar o seu peso no Congresso e bloquear as políticas do presidente Obama, entre elas, o plano de reforma do sistema de saúde.
Chris Van Hollen, presidente do Comitê de Campanha do Partido Democrata, disse que os eleitores têm reservas sérias em relação aos candidatos do Tea Party, pois sabem que muitos deles foram recrutados por Sarah Palin, a candidata republicada favorita nas eleições para o governo do estado do Alaska.  
 
"Isso está causando grande preocupação nos eleitores de distritos de tendência moderada, porque esses eleitores não desejam eleger candidatos da ala direitista", ressalvou Van Hollen. "Eles estão procurando candidados de centro", alertou.
Apesar das dúvidas que cercam as suas verdsdeiras motivações, os líderes do movimento prometem mantê-lo unido para que se torne relevante até as eleições presidenciais de 2012.
Crítica e racismo
Em um artigo intitulado "O que está por trás da ira doTea Party", Eugene Robinson, editorialista do jornal Washington Post, acusa o movimento de racismo. "Não é racismo criticar o presidente Obama, não é racista ter visões conservadoras, e não é racista aderir unir Tea Party", ponderou. "Mas há algo no ar sobre as verdadeiras motivações deste movimento que merece atenção, que aparece no fundo dos ataques disparados contra o presidente, e eu me pergunto se o aspecto racial não está influencidando o subtexto deste movimento".
O editorialista comentou as declarações de Mike Huckabee, o republicano favorito para se candidatar à presidência dos EUA em 2012. Robinson criticou a forma como Huckabee encerrou a campanha deste ano, quando implorou aos eleitores que o "ajudassem na arrecadação de recursos econômicos de última hora, para "devolver o governo americano às pessoas americanas".
"Cabe perguntar ao republicano, futuro candidato à presidência, quem são as pessoas americanas e quem são as pessoas "não americanas", contestou o jornalista do Post.
Robinson questiona: "quem roubou o governo? O que faz algumas pessoas declararem que o governo estava nas mãos dos "americanos" durante a presidência de George W. Bush?"  
 
O jornalista recorda que Bush herdou um país com superávit e deixou para trás um déficit sufocante. "Não estou sendo tendencioso, são fatos. Bush lançou o país em duas guerras sem fazer qualquer provisão no orçamento para pagar por elas, e permitiu que empresas de Wall Street atuassem livremente, de forma irresponável, causando um rombo de US$ 700 bilhões, atriando os EUA numa profunda recessão", questionou.
Robinson diz desejar saber por que a figura de Obama provoca "tanta" raiva nos adeptos do Tea Party. "Eu desejo saber como ele pode ser visto como "elitista", quando se sabe que ele cresceu em circunstâncias modestas - a mãe dele de bônus de alimentação durante muito tempo - e sabe-se que ele concluiu os estudos com o apoio de financiamentos. Como as pessoas que genuinamente apreciam o sonho americano podem olhar para um homem que viveu aquele sonho e não sentiam nenhuma conexão, nenhuma empatia", indaga.
"Eu me pergunto o que é tão diferente em relação à figura de Obama, e a resposta é bem óbvia: porque ele é negro", denuncia. "Este movimento faz com que as pessoas vejam na figura de Obama algo até mesmo suspeito, levando muitos a acreditar em teorias de conspiração absurdas sobre o local de nascimento de Obama, a religião dele e até mesmo o pai ausente do presidente é albo de elucubrações".  

Nenhum comentário:

Postar um comentário