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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Orientação: Decisão Profissional Consciente


Diante do momento de decidir que curso prestar, ou que profissão seguir, o candidato ao vestibular encontra-se sob grande pressão. O serviço de orientação vocacional auxilia o jovem a tomar suas decisões. Nas unidades da Unesp de Araraquara, Assis e Bauru, os interessados podem encontrar gratuitamente este serviço. Reunidos em grupos ou recebendo atendimento individualizado, eles são assistidos por psicólogos, pedagogos e assistentes sociais.

Feira de profissões
A Feira de Ciências da Faculdade de Ciências e Letras (FCL), câmpus de Araraquara, realizada há 12 anos, traz estandes e palestras sobre cerca de 150 cursos de graduação. Organizada pela psicopedagoga Maria Beatriz de Oliveira, a feira tem por finalidade levar aos vestibulandos informações sobre cada curso. Em três dias, entre o fim de julho e o começo de agosto, em torno de 15 mil jovens visitam os estandes das diferentes universidades e faculdades.
O evento está integrado ao serviço de orientação vocacional oferecido pelo Centro de Pesquisas sobre a Infância e a Adolescência (Cenpe), do câmpus. São 150 vagas para estudantes do ensino médio, tanto de escolas particulares quanto de públicas. Os pais desses adolescentes também recebem orientação, para compreenderem o momento que os filhos estão vivendo. “Nos exercícios feitos em encontros na presença dos pais e dos jovens, é muito importante quando um se coloca no lugar do outro”, diz Maria Beatriz, coordenadora do serviço.

Orientação on-line
O Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPPA), câmpus de Assis, oferece orientação profissional pela Internet. Por meio de programas de conversas on-line, como o MSN, estagiários do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências e Letras orientam os jovens que pretendem prestar vestibular. Em 2008, foram 998 atendimentos por esse sistema. “Muitos pais também procuraram esse serviço para ajudarem os filhos”, comenta o psicólogo Paulo Motta, coordenador do trabalho de orientação do Centro.
Na orientação presencial, os adolescentes participam de diferentes dinâmicas e debates sobre temas que os afligem naquele momento, como a relação familiar, a pressão por determinadas carreiras, mercado de trabalho, e a relação do dinheiro com o fazer aquilo de que se gosta. “Por meio de filmes, textos e músicas, debatemos as influências sofridas por eles. Tentamos desmontar certas idealizações quanto às profissões, sobretudo as que ocorrem na mídia”, explica Motta.

A função social das carreiras
No Centro de Psicologia Aplicada (CPA), câmpus de Bauru, os estagiários do curso de Psicologia, da Faculdade de Ciências, sugerem discussões sobre a importância social do trabalho e das profissões aos grupos de estudantes. “Queremos mostrar ao jovem que irá prestar vestibular que a escolha da carreira não deve ser feita somente por questões relacionadas ao salário. Ele pode pensar qual o seu papel no desenvolvimento da sociedade”, reflete Denise Combinato, coordenadora do atendimento de orientação vocacional.
Em encontros semanais de duas horas, os pré-vestibulandos fazem atividades voltadas à reflexão sobre as diferentes influências que podem sofrer e também sobre sua personalidade e gostos. “Dessa forma, queremos que eles tenham consciência de que a escolha feita agora não é a certa, mas é a melhor dadas as informações e sentimentos do momento”, destaca.
Auxílio na orientação

Câmpus de Araraquara
Local: Centro de Pesquisas sobre a Infância e a Adolescência (Cenpe), da Faculdade de Ciências e Letras.
Equipe: A psicopedagoga Maria Beatriz de Oliveira coordena psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, doutorandos e mestrandos envolvidos em pesquisas de Orientação Profissional e Vocacional, além de alunos da graduação.
Duração: Cinco meses, encontros semanais com duas horas de duração, de abril a agosto de cada ano.
Como é: A orientação possui 150 vagas. Os jovens são organizados em grupos, e participam de 16 sessões. Os seus pais participam de encontros quinzenais.
Inscrição: De 10 a 31 de março.
Rodovia Araraquara-Jaú, km 1
Fone: 16 3301-6200/6225

Câmpus de Assis
Local: Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPPA), da Faculdade de Ciências e Letras.
Equipe: Coordenada pelo psicólogo Paulo Motta, orientação permanente oferecida pelos supervisores e estagiários do curso de Psicologia.
Duração: Cerca de 8 a 12 encontros semanais, para os atendimentos presenciais, que têm início em maio. Para atendimentos via MSN, consultar horários no site do câmpus – www.assis.unesp.br
Como é: O trabalho baseia-se em atividades em grupos com cerca de 12 componentes, que envolvem dramatizações, música e desenhos. E também no diálogo entre orientador e jovem.
Inscrição: De março a abril.
Av. Dom Antônio, 2100
Fone: 18 3302-5905 begin_of_the_skype_highlighting              18 3302-5905      end_of_the_skype_highlighting (Silvia)
MSN: orientacaovoc@hotmail.com

Câmpus de Bauru
Local: Centro de Psicologia Aplicada (CPA), da Faculdade de Ciências.
Equipe: A psicóloga Denise Combinato realiza a supervisão do trabalho de uma equipe de 10 estagiários do curso de Psicologia.
Duração: Orientação permanente, de março a junho e de agosto a novembro. Reunidos em grupos, os jovens têm de 12 a 15 encontros semanais de duas horas cada um.
Como é: Na orientação, prevalecem a reflexão e as discussões em grupo, dramatizações, música e filmes, dinâmicas de grupo e outras atividades.
Inscrição: março e agosto.
Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 1401
Fone: 14 3203-0562/ 3103-6090



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Por Ignácio de Loyola Brandão
Aos 17 anos o filho ouviu a pergunta dos pais, que se mostravam ansiosos:
– Então, já sabe o que vai fazer?
– Estou pensando.
– Os vestibulares estão aí, ninguém espera.
– Ainda não decidi.
– Quando vai decidir?
– Eu também me pergunto. Tem tanta coisa!
– O que vai te dar segurança?
– Não sei. Alguma coisa na vida dá segurança?
– Como vai sustentar a família?
– Que família? Nem tenho namorada, pai!
A mãe estava ouvindo, quieta. Entrou na conversa:
– Pois está na hora de ter uma. Para endireitar essa vida!
O filho voltou-se para um, para outro, chutou o chão com a ponta do tênis.
– Quer dizer que são duas decisões? Profissão e namorada?
– Com a tua idade eu já trabalhava, assim me aposentei cedo.
A mãe voltou à carga:
– Nunca pensou lá na frente em uma boa aposentadoria, uma vida calma, filhos e netos...?
– Mãe, eu tenho 17 anos... Aposentadoria? Nem acabei o colegial, nem fiz vestibular, nem tenho emprego.
– Mas já é um homem! E homem tem de saber o que fazer! Como vai ganhar dinheiro?
– Pensam que é fácil? No tempo de vocês, já que falam tanto desse tempo, que nem sei qual é, era mais fácil. Tinha quatro ou cinco coisas. Banco, comércio, medicina, engenharia, advocacia, farmácia, funcionalismo público.
– Coisas que permitiam uma carreira, meu filho.
– Vocês pensaram no sonho?
– Que sonho?
– No meu sonho.
– E qual é o seu sonho? Vamos! Diga! Quanto dinheiro vai ganhar com o seu sonho?
– Não sei, ainda não estou dentro dele.
– Sonhos são bons para sonhar. Mas o que seria da vida real, do pé no chão, do dia-a-dia?
– Tem tanta coisa. Pensei em ser designer, gosto de desenho, de fotografia, de cinema. Ou ser paisagista. Pensaram? Desenhar jardins com plantas? Ou artista plástico! Biólogo é uma profissão legal, saber sobre a vida de tudo. Químico é outra que posso curtir numa boa. Ou físico. Meu sonho mesmo era ser astronauta...
– Estamos vendo, vive no mundo da Lua! Desça na Terra, menino!
– Menino? Olha a minha idade.
– Pé no chão.
– Numa boa posso ser arquiteto, médico. Cirurgião de cabeça. Um transplantador de corações e órgãos. Verdade. Pensaram? Ou construir pré­dios enormes. E gastronomia? Ser chef. Querem coisa melhor? Ou perfumista. Comandante de avião.
– Avião? Avião nem pensar, pelo amor de Deus.
– Encadernador, enólogo. Adoro vinho.
– Pé no chão, meu filho. Está flutuando!
– Está todo mundo no ar, pai! Pensa que não converso com ninguém? Pensa que é fácil nesse mundo de hoje? Informática. É um caminho. Mas em que especialização? E dentro dessa especialização, em que campo? Nesse campo, em que segmento? Há milhares de nichos, profissões, ofícios, trabalhos, mas qual será o meu? Gosto de tudo.
– Quem gosta de tudo não gosta de nada. Igual a jogador que joga em todas as posições e acaba não jogando em nenhuma.
– Outro dia, entrei numa faculdade, fui a departamento por departamento, olhando, investigando. Esse mundo de hoje é louco, pai. Tem milhões de profissões e milhões de desempregados. Uma coisa é legal, não dá dinheiro. Outra dá dinheiro, não é legal. Olha, vocês esqueceram dessa minha idade, ou talvez naquele tempo fosse diferente. Agora, é uma angústia desgraçada. E se eu errar? Perco quantos anos?
Os pais até que concordavam, procuravam uma forma de ajudar, não sabiam. O mundo atual é cheio de armadilhas, todo mundo fala em empreendedorismo, em investimento, em mil cursos, phd, mba, estágios, bolsas, pedem experiência, mas como ter experiência antes do primeiro emprego?
– Você tem a vida toda pela frente...
– Todo mundo diz isso, é clichê, gente. O mundo está apressado, veloz, apressam a gente para escolher, decidir, encaminhar, resolver. Como solucionar a vida nessa idade?
A mãe decidiu:
– Quer saber? Siga o sonho.
– E se eu errar?
– Somente você fará essa cobrança. Os sonhos se reciclam. Escolha, desiluda-se, canse, mude, a vida é sua, ninguém pode te cobrar.
– Siga o sonho. Obrigado, mãe. Agora é só encontrar esse sonho.
Ignácio de Loyola Brandão, 72 anos, é escritor e jornalista, tem 32 livros publicados. Recebeu este ano o Prêmio Jabuti de Melhor Ficção de 2008 com o livro O Menino Que Vendia Palavras.

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