Já está valendo a lei antifumo que acaba com os fumódromos de todo o
país. O que já era regra em alguns estados, como São Paulo, passa a ser
obrigatório em todos os estados da federação. Seja público ou privado,
passa a ser proibido fumar em qualquer lugar fechado. Segundo o ministro
da saúde Alexandre Padilha, serão extintos os espaços destinados aos
fumantes na maioria dos lugares. Existirão alguns lugares que ainda vão
ter uma regulamentação apropriada, como é o caso dos shoppings.
A lei foi modificada com base no argumento de que os fumódromos impedem
que a fumaça circule, e as substâncias que vem da fumaça podem causar
doenças. As autoridades prometem fiscalização, e os estabelecimentos que
descumprirem as regras serão multados. Ainda que sejam aplicadas multas
aos estabelecimentos, não estão previstas punições aos fumantes que
desrespeitarem a lei.
Outra mudança é a elevação no preço dos cigarros. A partir de janeiro o
maço vai ter seu custo acrescido de cerca de 20%. Segundo o Ministério
da Saúde, 15% dos brasileiros adultos fumam hoje em dia. O combate e
tratamento à doenças relacionadas ao consumo de tabaco custam quase R$
400 milhões aos cofres públicos.
A lei também prevê que em quatro anos os maços tenham advertências na
parte da frente da caixa e que os fabricantes de cigarro não possam mais
divulgar suas marcas em eventos musicais e esportivos. A expectativa
das autoridades é de que os números relacionados ao consumo de cigarros
tenham um decréscimo significativo no Brasil, assim como em outros
países onde a lei foi adotada. Na Inglaterra, uma lei parecida com a
brasileira reduziu o número de infartos em 21%.
O cigarro e seus males
Um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo, o cigarro são classificados pela revista The Economist como
um dos produtos mais lucrativos do comércio atual. Anualmente a
indústria mundial de cigarros fatura cerca de US$ 285 bilhões, e a
brasileira US$ 4,5 bilhões. De acordo com o Centro de Controle e
Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, a vida dos americanos fumantes é
reduzida, coletivamente, em cerca de cinco milhões de anos, a cada ano
que massa. O fumo causa a morte de 420 mil pessoas por ano, apenas nos
EUA, o equivalente a 50 vezes mais mortes do que as causadas elas drogas
ilegais.
O cigarro é composto por uma mistura de cerca de 4700 substâncias
toxicas. Entre elas há alguns componentes gasosos, como o monóxido de
carbono e algumas partículas como o alcatrão, a nicotina e a água.
Também são encontradas no cigarro substâncias como a acetona, o
arsênico, o butano e o cianido. A preocupação das autoridades de saúde
é, além da saúde dos fumantes, a saúde das pessoas que estão ao redor.
Mesmo sem fumar, quem está exposto a essa fumaça sofre com os efeitos
das substâncias tóxicas presentes nos cigarros. São os fumantes
passivos. Os pulmões dessas pessoas, que estão simplesmente próximas de
fumantes, ficam expostos a pelo menos 43 substâncias comprovadamente
cancerígenas.
A fumaça do cigarro contém toxinas que irritam os olhos, o nariz e a
garganta e diminuem a mobilidade dos cílios pulmonares, causando
alergias respiratórias. Além disso, a fumaça também é constituída por
monóxido de carbono (CO) que, quando inalado, reduz a capacidade do
sangue de carregar oxigênio.
Além de causar dependência, o cigarro é responsável por índices
alarmantes. Cerca de 87% das mortes causadas por câncer de pulmão
ocorrem entre os fumantes, e mulheres que fumam tem uma probabilidade
maior de desenvolver câncer de mama. Além disso há relações
cientificamente provadas entre o fumo e a diabetes, o câncer de cólon, a
asma, a leucemia e muitas outras.
No Brasil, estima-se anualmente a morte precoce de 80 mil pessoas em
decorrência do tabagismo, número que vem crescendo ano a ano. Isso
equivale dizer que dez brasileiros morrem a cada hora por causa do
consumo de cigarros. Mundialmente esses índices são bem pores. Estima-se
que três milhões de pessoas morram por ano por causa do fumo. Esse
índice representa seis mortes a cada minuto. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) prevê que, caso a situação continue como está, o número de
mortes anual em 2020 chegará a 10 milhões.
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