Centenas de dependentes da cracolândia montaram um acampamento no
centro de São Paulo. Ao lado da Estação Júlio Prestes, um trecho de 300
metros da Rua Helvétia está fechado para a cidade e livre para o crack.
Ali ninguém mais entra a pé ou passa de carro - nem mesmo o caminhão da
coleta de lixo da Prefeitura. E até duas linhas de ônibus tiveram de
mudar seu trajeto. (Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,viciados-em-crack-desviam-trafego-e-acampam-em-rua,795400,0.htm)
O trecho acima, extraído de um dos maiores jornais do Brasil, aponta
para um problema encarado, atualmente, por quase todos os municípios do
país: o crack. A droga, que começou a se expandir pelo Brasil na década
de 1990 e já foi conhecida como “droga dos pobres” – por seu preço mais
baixo – atinge hoje todas as camadas sociais. Durante muitos anos, o
crack foi considerado uma droga de rua, porque além de apresentar um
preço mais baixo, inibe a fome.
Produzido a partir da pasta de cocaína, o crack é geralmente fumado em
cachimbos improvisados, muitas vezes feitos a partir de latas de
alumínio. Isto significa dizer que, além dos riscos que a droga traz, o
usuário fica sujeito a outros perigos como, por exemplo, a intoxicação
por causa do metal.
O crack e a cocaína tem a mesma origem, sendo o primeiro uma forma
impura. O crack consiste numa mistura entre cocaína e bicarbonato de
sódio, e é apresentado em forma de pedras. Enquanto a cocaína é inalada,
o crack é fumado e seu efeito chega a ser até sete vezes mais potente.
Isso também se atribui ao fato de que, como a superfície do pulmão é
bastante ampla, a absorção da droga se dá de forma muito rápida, e seus
efeitos no organismo são praticamente imediatos – através da fumaça, a
substância passa quase que integralmente à corrente sanguínea e ao
cérebro.
Conhecido como uma substância altamente estimulante, o crack leva cerca
de dez segundos para fazer efeito, e deixa o usuário mais impulsivo e
agitado. A droga também gera euforia e excitação, acelera a respiração e
os batimentos cardíacos e, posteriormente, causa depressão, delírio e
fissura por novas doses. Entre muitas conseqüências que seu consumo traz
para a saúde, podemos citar o comprometimento de funções como a atenção
e a concentração, a falta de sono – sob o efeito do crack, uma pessoa
pode ficar até três dias sem dormir – e quadros de alucinação e delírio.
Segundo uma pesquisa divulgada hoje, pela Confederação Nacional de
Municípios (CNM), de 4.430 cidades, 84,5% apresentam problemas com a
circulação de drogas em seu território. Embora o número seja alto, a
situação se revela mais otimista do que no ano passado, quando na mesma
pesquisa, 98% dos municípios afirmaram sofrer com os problemas ligados
ao crack.
Estima-se que atualmente, mais de meio milhão de pessoas sejam viciadas
em crack no Brasil. Desse grupo, cerca de 30% perde a vida num prazo de
até cinco anos, seja em função da droga ou do comportamento de risco,
atribuído como uma conseqüência do uso. Para solucionar o problema, o
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que criou o
Plano Integrado para Enfrentamento do Crack. A medida, criada em maio
de 2010, prevê o investimento de 410 milhões de reais destinados ao
aumento do número de vagas para a internação, medidas de combate ao
tráfico e treinamento de profissionais da rede de saúde e assistência
social. A presidente Dilma Rousseff também já declarou que o combate ao
crack é uma prioridade em seu governo.
A Rota
O crack consumido pelas ruas do Brasil é produzido a partir da pasta de
cocaína. Essa substância vem, principalmente, de três países vizinhos:
Colômbia, Peru e Bolívia. Líderes no cultivo mundial de coca, essas
nações concentram também mais de 99% dos laboratórios clandestinos para o
processamento da planta no mundo. As principais entradas da substância
são os estados do Acre, de Rondônia e do Amazonas. A droga vem escondida
em barcos ou em aviões. Também há muitos registros de rotas que passam
pelo Pantanal (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e pela fronteira do
Brasil com o Paraguai. Quando a pasta de coca chega ao Brasil, ela é
muitas vezes enviada para a América do Norte ou para a Europa e parte do
produto é distribuída no mercado interno. Em nosso país, também há
muitos laboratórios clandestinos, responsáveis por produzir o produto
final: o crack. A maioria dessas instalações encontra-se nos estados
mais ricos da Federação, nas regiões Sul e Sudeste.
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