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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Crack, Uma Droga Que Atinge Todo O Brasil


 

Centenas de dependentes da cracolândia montaram um acampamento no centro de São Paulo. Ao lado da Estação Júlio Prestes, um trecho de 300 metros da Rua Helvétia está fechado para a cidade e livre para o crack. Ali ninguém mais entra a pé ou passa de carro - nem mesmo o caminhão da coleta de lixo da Prefeitura. E até duas linhas de ônibus tiveram de mudar seu trajeto. (Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,viciados-em-crack-desviam-trafego-e-acampam-em-rua,795400,0.htm)
O trecho acima, extraído de um dos maiores jornais do Brasil, aponta para um problema encarado, atualmente, por quase todos os municípios do país: o crack. A droga, que começou a se expandir pelo Brasil na década de 1990 e já foi conhecida como “droga dos pobres” – por seu preço mais baixo – atinge hoje todas as camadas sociais. Durante muitos anos, o crack foi considerado uma droga de rua, porque além de apresentar um preço mais baixo, inibe a fome.
Produzido a partir da pasta de cocaína, o crack é geralmente fumado em cachimbos improvisados, muitas vezes feitos a partir de latas de alumínio. Isto significa dizer que, além dos riscos que a droga traz, o usuário fica sujeito a outros perigos como, por exemplo, a intoxicação por causa do metal.
O crack e a cocaína tem a mesma origem, sendo o primeiro uma forma impura. O crack consiste numa mistura entre cocaína e bicarbonato de sódio, e é apresentado em forma de pedras. Enquanto a cocaína é inalada, o crack é fumado e seu efeito chega a ser até sete vezes mais potente. Isso também se atribui ao fato de que, como a superfície do pulmão é bastante ampla, a absorção da droga se dá de forma muito rápida, e seus efeitos no organismo são praticamente imediatos – através da fumaça, a substância passa quase que integralmente à corrente sanguínea e ao cérebro.
Conhecido como uma substância altamente estimulante, o crack leva cerca de dez segundos para fazer efeito, e deixa o usuário mais impulsivo e agitado. A droga também gera euforia e excitação, acelera a respiração e os batimentos cardíacos e, posteriormente, causa depressão, delírio e fissura por novas doses. Entre muitas conseqüências que seu consumo traz para a saúde, podemos citar o comprometimento de funções como a atenção e a concentração, a falta de sono – sob o efeito do crack, uma pessoa pode ficar até três dias sem dormir – e quadros de alucinação e delírio.
Segundo uma pesquisa divulgada hoje, pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), de 4.430 cidades, 84,5% apresentam problemas com a circulação de drogas em seu território. Embora o número seja alto, a situação se revela mais otimista do que no ano passado, quando na mesma pesquisa, 98% dos municípios afirmaram sofrer com os problemas ligados ao crack.
Estima-se que atualmente, mais de meio milhão de pessoas sejam viciadas em crack no Brasil. Desse grupo, cerca de 30% perde a vida num prazo de até cinco anos, seja em função da droga ou do comportamento de risco, atribuído como uma conseqüência do uso. Para solucionar o problema, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que criou o Plano Integrado para Enfrentamento do Crack. A medida, criada em maio de 2010, prevê o investimento de 410 milhões de reais destinados ao aumento do número de vagas para a internação, medidas de combate ao tráfico e treinamento de profissionais da rede de saúde e assistência social. A presidente Dilma Rousseff também já declarou que o combate ao crack é uma prioridade em seu governo.
A Rota
O crack consumido pelas ruas do Brasil é produzido a partir da pasta de cocaína. Essa substância vem, principalmente, de três países vizinhos: Colômbia, Peru e Bolívia. Líderes no cultivo mundial de coca, essas nações concentram também mais de 99% dos laboratórios clandestinos para o processamento da planta no mundo. As principais entradas da substância são os estados do Acre, de Rondônia e do Amazonas. A droga vem escondida em barcos ou em aviões. Também há muitos registros de rotas que passam pelo Pantanal (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e pela fronteira do Brasil com o Paraguai. Quando a pasta de coca chega ao Brasil, ela é muitas vezes enviada para a América do Norte ou para a Europa e parte do produto é distribuída no mercado interno. Em nosso país, também há muitos laboratórios clandestinos, responsáveis por produzir o produto final: o crack. A maioria dessas instalações encontra-se nos estados mais ricos da Federação, nas regiões Sul e Sudeste.

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